ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 26.05.1997.

 


Aos vinte e seis dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antônio Losada, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Carlos Garcia, as Indicações nºs 54 e 55/97 (Processos nºs 1627 e 1635/97, respectivamente); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Dib, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Reginaldo Pujol, os Pedidos de Informações nºs 91, 94 e 95/97 (Processos nºs 1624, 1639 e 1642/97, respectivamente) e 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 86/97 (Processo nº 1430/97); pela Vereadora Sônia Santos, 01 Pedido de Providências e a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 96/97 (Processo nº 1543/97); pela Vereadora Tereza Franco, 03 Pedidos de Providências. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 243/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que deverá se ausentar de Porto Alegre para participar do 7º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Planejamento Urbano e Regional, a ocorrer em Recife, no período de vinte e sete a vinte e nove de maio do corrente ano. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 04/97, do Senhor Adalberto Pio de Almeida, Presidente da Associação dos Administradores, Contadores, Economistas e Estatísticos do Serviço Público Municipal de Porto Alegre - ACESPA; 04/97, do Vereador Antônio Graciano Pacheco, Presidente da Câmara Municipal de Guaíba; 10/97, da Senhora Vera Lúcia Cintra, Conselheira Tutelar da Microrregião 08 do Município; 20/97, da Senadora Marluce Pinto, Presidenta da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instaurada para apurar denúncias sobre o trabalho de crianças e adolescentes no Brasil; 21/97, do Professor Doutor Irmão Elvo Clemente, Presidente  do  Cons<D>elho Estadual de Cultura/RS; 27/97, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, da <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Secretaria Municipal de Saúde, do Hospital de Pronto Socorro e da Coordenadoria de Apoio Científico de Enfermagem; 49/97, da Senhora Carmen Có Freitas, Presidenta do Conselho Estadual de Entorpecentes - CONEN/RS; 104/97, do Vereador Roberto Jaime Hess, Presidente da Câmara Municipal de Igrejinha/RS; 120/97, do Senhor José Jurandir Teixeira Leite, Presidente do Sindicato dos Telefônicos/RS - SINTTEL; 386/97, da Associação Brasileira de Enfermagem; 1078, 1181, 1242 e 1416/97, do Vereador Roberto Yoshifumi Kawasaki, Presidente da Câmara Municipal de Tupã/SP; s/nº, do Senhor Nelci Dias, Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul - SERGS; s/nº, do Tenente Oto Eduardo Rosa Amorim, responsável pelo Comando da 4ª Companhia da Brigada Militar/RS; Telegramas do Senhor Michel Temer, Presidente da Câmara Federal; do Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor Germano Mostardeiro Bonow, Secretário de Estado da Saúde e Meio-Ambiente/RS; do Deputado Vieira da Cunha, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor Bernardo de Souza, Deputado Estadual/RS; do Deputado José Gomes, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor César Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA, que salientou ser o mês de maio a data-base para discussão do dissídio coletivo dos municipários de Porto Alegre, declarando que essa categoria enfrentou um processo de arrocho salarial com a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib reportou-se ao pronunciamento do Senhor Cézar Pureza, acerca da política salarial dos municipários de Porto Alegre, destacando questões referentes à atuação desta Câmara frente ao descumprimento, pelo Executivo Municipal, de legislação relativa à receita e despesa pública em Porto Alegre. O Vereador Nereu D'Ávila solidarizou-se com os municipários pela luta em busca da reposição de suas perdas salariais, chamando a atenção para os aspectos contraditórios verificados entre a teoria e a prática do discurso efetuado pelo Partido dos Trabalhadores no referente à política salarial aplicada no Município de Porto Alegre. O Vereador Luiz Braz reportou-se a críticas feitas anteriormente na Casa, quanto às relações vigentes entre o Executivo e o Legislativo Municipal, solicitando a constituição de Comissão Especial que permita a oitiva do ex-Vereador Edi Morelli, sobre a possibilidade de ter ocorrido negociação com o Poder Executivo para votação de processos por este Legislativo. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Carlos  Garcia, solicitando  Licença  para Tratar <D>de Interesses Particulares no dia vinte e oito de maio do corrente ano. Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Luiz Braz, solicitando a constituição de uma Comissão Especial para que seja ouvido o ex-Vereador Edi Morelli, com relação <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>à afirmação que este fez de ter negociado seu voto em troca de benefícios para a sua comunidade. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença do Senhor César Pureza e os trabalhos foram suspensos, das quatorze horas e quarenta e cinco minutos às quatorze horas e quarenta e seis minutos, nos termos regimentais. Reabertos os trabalhos, o Senhor Presidente, Vereador Clovis Ilgenfritz, registrou estar assumindo a presidência dos trabalhos neste momento por ter participado, como representante deste Legislativo, de almoço oferecido pelo Jornal do Comércio de Porto Alegre em comemoração aos sessenta e quatro anos de sua fundação e ao Dia da Indústria. Em prosseguimento, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, FARSUL, nos termos do Requerimento nº 116/97 (Processo nº 1628/97), de autoria da Mesa Diretora, encaminhado por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Doutor Armando Ross, Presidente em exercício da FARSUL; o Doutor Hugo Giudice Paz, ex-Presidente da FARSUL; o Vereador Hermes Ribeiro de Souza Filho, Diretor-Secretário da FARSUL, representando a Câmara Municipal de Canguçu; o Capitão Pércio Brasil Alvares, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; o Professor Mário Hamilton Villela, representando o Reitor da Pontifícia Universidade Católica; o Vereador Paulo Brum, 1º Secretário da Casa. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Doutores Valmir Susin, João Carlos Machado e Antônio Chaves Barcelos, Vice-Presidentes da FARSUL; dos Doutores Luiz Fernando de Oliveira Nunes, Henrique Orlandi e Orlando Hecmann, respectivamente, Diretor-Tesoureiro, Membro do Conselho Fiscal e Presidente da Comissão de Leite e Derivados da FARSUL; dos Senhores Eloí Flores da Silva e Marco Aurélio Lemos da Silva, Diretores-Técnicos do Serviço Nacional de Aprendizado Rural. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Isaac Ainhorn que, em nome da Casa, saudou o transcurso dos setenta anos da FARSUL, discorrendo sobre a importância do trabalho dessa Federação para o desenvolvimento do setor agrícola no Estado. Também, procedeu à leitura de trechos de nota publicada pelo Vereador Adeli Sell, acerca dos reflexos, no setor agropecuário, da linha econômica atualmente seguida pelo Governo Federal. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Eurico Dornelles e Rafael Saad, membros da Diretoria da FARSUL, e solicitou ao Vereador Paulo Brum que procedesse à leitura de dados referenciais acerca do Senhor Armando Ross. Em continuidade, concedeu a palavra ao Senhor Armando Ross que, em nome da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Às quinze horas e dezenove minutos, os trabalhos foram suspensos, <D> nos termos regimentais, sendo reabertos, constatada a existência de "quorum", às quinze horas e vinte e seis minutos. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou ter o Vereador Reginaldo Pujol manifestado sua intenção de pronunciar-se durante a homenagem à FARSUL, o que, face a equívoco da Mesa dos trabalhos, acabou por não ser viabilizado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>registrou denúncia encaminhada ao Executivo Municipal, de asfaltamento de área particular sem a autorização ou conhecimento prévio do proprietário da mesma, Senhor Joani Fernandes Nunes, relatando dificuldades encontradas na busca de soluções justas para o problema criado pelos órgãos públicos responsáveis por tal asfaltamento. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Juarez Pinheiro reportou-se ao Projeto de Resolução nº 15/97, que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Doutor Carlos Grossman, discorrendo sobre o trabalho realizado por esse médico em prol do atendimento da população nas áreas mais problemáticas da Cidade. Também, chamou a atenção para matéria publicada no Jornal Zero Hora, dia vinte e cinco do corrente, acerca de crise observada na política econômica atualmente adotada pelo Governo Federal. O Vereador Cláudio Sebenelo associou-se à homenagem prestada pelo Vereador Juarez Pinheiro ao Doutor Carlos Grossman, através do Projeto de Resolução nº 15/97, comentando matéria publicada hoje no Jornal Zero Hora, intitulada "Saúde é o que interessa". Ainda, defendeu a reforma administrativa proposta pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, declarando que "devem ser extintos os privilégio e não as conquistas do funcionalismo público do País". A Vereadora Maria do Rosário registrou a morte, na última quinta-feira, do trabalhador Ricardo Bueno, analisando denúncias trazidas à Casa pela Federação dos Vigilantes e Empregados de Empresas de Segurança, de existência de casos de vigilância clandestina em Porto Alegre. Neste sentido, solicitou da Polícia Federal uma maior fiscalização das empresas de segurança da Cidade. O Vereador Guilherme Barbosa teceu considerações acerca de medida do Conselho Monetário Nacional, que colocou o Banco Meridional do Brasil S.A. na lista de privatizações, posicionando-se contrário à venda desse Banco e discorrendo sobre a história do mesmo, primeiramente uma instituição privada, depois pública e agora novamente em vias de privatização. Finalizando, comentou a publicação, pela Companhia Estadual de Energia Elétrica, do livro "Cidades Gaúchas", do Poeta Luiz Coronel, com fotografias de Edelweis Passis e Eurico Salis, e, pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, do livro "Sem-Terra, As Músicas do MST", do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O Vereador Pedro Américo Leal discorreu sobre a possibilidade de ter ocorrido compra de votos no Congresso Nacional para aprovação da Emenda Constitucional que viabiliza a reeleição de cargos do Poder Executivo, chamando a atenção para a necessidade de que sejam averiguados não apenas aqueles que venderam seus votos mas, também, os responsáveis pela compra dos mesmos. Neste sentido, lembrou outros escândalos  que  envolvem  a  política  na<D>cional, declarando ser básica a busca urgente dos responsáveis por essa situação. O Vereador José Valdir discorreu sobre as atividades ora desenvolvidas pela Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação da Casa, mencionando reunião mantida por essa Comissão com a comunidade da Vila Campos do Cristal, referente à transferência dessa Vila face à construção do "Shopping Center Cristal", e convidando para mesa redonda a ocorrer amanhã, às quatorze horas, para debates acerca das cooperativas habitacionais em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol referiu-se aos pronunciamentos hoje efetuados na Casa, acerca de escândalos políticos atualmente observados no País, propugnando pelo total esclarecimento de quaisquer possíveis irregularidades e defendendo a atuação do Presidente Fernando Henrique Cardoso à frente do Governo Federal. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 58, 66, 87 e 90/97, os três últimos discutidos pelos Vereadores João Dib e Reginaldo Pujol; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97, discutido pelo Vereador Renato Guimarães; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 12/97, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel; os Projetos de Resolução nºs 14, 17 e 18/97; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 179/96, 54, 60, 61, 71, 74, 78, 79, 80, 81, 83, 92, 96 e 98/97; os Projetos de Lei do Executivo nº 66/96, 20 e 19/97, este discutido pelo Vereador Antonio Hohlfeldt; os Projetos de Resolução nºs 13 e 15/97; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 08/97; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 40 e 75/97. Na ocasião, o Senhor Presidente convidou a todos para a posse do Vereador Clovis Ilgenfritz como Prefeito interino de Porto Alegre, a ocorrer amanhã, às quinze horas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia discorreu sobre o trabalho que vem sendo feito pelo Grupo de Gestão Ambiental da Câmara Municipal de Porto Alegre, no sentido de implantar na Casa um programa de coleta seletiva de lixo. Às dezessete horas e vinte e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e trinta e oito minutos, constatada a existência de "quorum", iniciando-se a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 02/97, que teve sua discussão adiada por três Sessões, a Requerimento, aprovado, da Vereadora Maria do Rosário. A seguir, o Senhor Presidente registrou recebimento de correspondência enviada por membros da diretoria do Jockey Club do Rio Grande do Sul, solicitando seja postergado o regime de urgência aprovado para o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 02/97 (Processo nº 1267/67). Na ocasião, face a Questões de Ordem suscitadas pelos Vereadores Carlos Garcia, João Dib, Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol e Cláudio Sebenelo, o Senhor Presidente esclareceu que a postergação acima referida só será possível se o Autor retirar o Requerimento de urgência. Em continuidade, foram aprovados os Requerimentos de nºs 106/97 (Processo nº 1512/97 - Comissão Especial para  colher  informações e sugerir  providências de apoio às instituições policiais na prestação da segurança pública), de autoria do Vereador Cyro Martini, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila, João Dib, João Motta, Cláudio Sebenelo e Luiz Braz, em votação nominal determinada pelo Senhor Presidente, tendo obtido quinze votos SIM, dois votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal e Renato Guimarães, votado Não os Vereadores Luiz Braz e Nereu D'Ávila e tendo optado pela Abstenção o Vereador <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Cláudio Sebenelo; e de nº 134/97 (Processo nº 1772/97 - Moção de Apoio à Revista Literária "Blau"). A seguir, esteve em votação a prorrogação da presente Sessão por mais duas horas, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, que obteve três votos SIM e seis votos Não, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, João Carlos Nedel e Luiz Braz, e votado Não os Vereadores Guilherme Barbosa, João Dib, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum e Pedro Américo Leal, sendo esta votação declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de "quorum". Às dezoito horas e vinte e sete minutos o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum, e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Passamos à Tribuna Popular.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Tendo em vista que está designada para o dia de hoje, a Requerimento da Mesa Diretora da Casa, a realização de uma homenagem pela passagem dos 70 anos da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, FARSUL, requeiro, nos termos  regimentais, como está previsto Grande Expediente destinado a esta homenagem, que passássemos o Grande Expediente para o primeiro lugar a fim de que pudéssemos prestar esta homenagem.

 

SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn para que, após a Tribuna Popular, se passe ao Grande Expediente. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Com a palavra o Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, Sr. César Pureza, para falar sobre a data-base da categoria.

 

O SR. CÉSAR PUREZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas Municipários, mais uma vez estamos aqui para usar este espaço democrático.

Surpreendentemente, o Partido dos Trabalhadores, na Capital, não trata o municipário com seriedade, descumpre a legislação que prevê a nossa reposição bimestral pelo ICV do DIEESE, descumpre a legislação 7345, que foi sancionada pelo então Prefeito Tarso Genro, que não cumpriu, como também o Secretário do Governo da época, o atual Prefeito Raul Pont, não o vem cumprindo. Dessa forma, deixo-lhes uma pergunta de imediato: nós, utilizando este espaço outro dia, Sr. Presidente, denunciávamos o descumprimento da Lei 7345 e, de lá para cá, que providências foram tomadas nesse sentido, já que prevê, junto ao Sindicato e a esta Casa, que ao final de cada bimestralidade os dois, tanto o Sindicato como o Poder Legislativo, recebam o que representou o gasto com pessoal?  Pelo descumprimento desta legislação, temos uma outra interpretação e é necessário, Sr. Presidente, que se faça um breve histórico. O Partido dos Trabalhadores tem o mérito de, contraditoriamente, arrochar os nossos salários. A política salarial sancionada pelo então Prefeito Alceu Collares, em 02 de dezembro de 1988, previu uma reposição bimestral. O mérito do Partido dos Trabalhadores é de que a partir de julho de 1991 o então Prefeito em exercício, Tarso Genro, sanciona a Lei 6855, em que inclui uma condicionante, ou seja, vincula a receita e a despesa com o pessoal. E de lá para cá o Sindicato não teve acesso a esses dados, e isso representa uma defasagem no nosso salário, na gestão do Partido dos Trabalhadores, em torno de 167.36%. Com uma política salarial definida, entende-se por que soma essa defasagem: porque até 10 de novembro de 1995 sempre esteve à testa do Sindicato, representando os municipários, segmento do Partido dos Trabalhadores, que sempre protegeu os interesses da Administração. Por exemplo, o Governo embutiu na 6855 a aplicação de um redutor e, surpreendentemente, em maio de 1992 passam “atestado de bonzinho” em plena data-base. Ameaçam e não aplicam o redutor. Esse foi o nosso avanço na data-base de maio de 1992. Em 1993 o Governo nos apresenta mais um “atestado de bom”, preocupado com os trabalhadores municipais. Estabelece a obrigatoriedade da informação dos cálculos da reposição salarial e até hoje não o fez. Eu insisto: a partir da última intervenção, o que o Poder Legislativo fez com relação ao descumprimento da 7345? Em maio de 94, por ocasião da “urverização” dos salários, os nossos colegas à testa do Sindicato negociam com a Administração e abrem mão do mês de março daquele período. Perda para os municipários de mais  45.50%. Um ano após, o nosso ex-Prefeito argúi o art. 7º da 7428, contraditoriamente. Perdas de lá para cá de 122.15%. Tivéssemos atitude coerente da Administração Popular, nosso básico hoje seria de 334.34% e não de 150.50%. Eu sugiro que os Vereadores comparem o salário básico do Técnico-Científico com os do Estado, já que o Governo tem sido senhor das críticas, tanto o Federal como o Estadual.  No nosso entendimento, não tem mais ética e moralmente condições de fazer crítica a quem quer que seja, pois se não cumpre a legislação da política salarial, a 7428, e não cumpre a legislação que permitia que os representantes dos trabalhadores municipais tivessem acesso à famosa caixa-preta, sabe-se lá que riqueza de informação tem nela que o Governo mantém tão fechadinha!

Ver. João Antônio Dib, lamentavelmente nós não podemos aceitar a sua sugestão de contratar o talvez competente advogado Tarso Genro, mas por ser incoerente, enquanto Administrador da nossa Prefeitura, arrochou o salário dos funcionários e depois, surpreendentemente, Srs. Vereadores, oferece ao Sindicato os seus serviços! Desculpem-me, mas também não é sério!

Portanto, Srs. Vereadores, em não sendo sério, fez-me lembrar uma outra passagem dessa Administração. O atual Secretário da Administração Cezar Alvarez, representante da Administração dita popular, diz que só teve acesso à proposta do Sindicato na semana passada, o que não é verdade. Nós já divulgamos o ofício em que contempla a nossa proposta encaminhada no dia 13 de maio, recebida pela Assessoria do Secretário Cezar Alvarez.

Portanto, Srs. Vereadores, Bancada do PT, nós lamentamos a forma rude com que tenhamos que abordar esse assunto, mas, infelizmente, o Partido dos Trabalhadores, em Porto Alegre, não tem tratado os municipários com seriedade. Não reconhece o nosso trabalho e entende que repor nosso salário bimestralmente é suficiente. Não. Quem tanto critica, e a todos, tem que no mínimo dar o exemplo; tem que cumprir a 7428, tem que cumprir a 7345, ética e moralmente. Do contrário, não pode criticar ninguém. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A palavra está à disposição das Lideranças que desejarem fazer uso dela, neste momento, sobretudo em relação à manifestação do Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA, que trouxe como objeto da Tribuna Popular o dissídio coletivo.

O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desde que existe uma Comissão para tratar do acompanhamento do dissídio coletivo dos municipários, eu entendia não ser necessário ir à tribuna tecer qualquer comentário, mas S.Exa., o Presidente do SIMPA, faz uma pergunta: “o que fez a Câmara  com o descumprimento da Lei?”. Eu devo dizer, Sr. Presidente do SIMPA, que esta Câmara parece não se preocupar muito com  descumprimento de lei. A única coisa que me cabia e que eu poderia fazer - eis que fui o autor da Lei que determinava que no mês seguinte à aplicação da bimestralidade deveria vir a esta Casa o informe completo de como aconteceu e por que aconteceu -, o que me cabia fazer era um Pedido de Informações para saber por que não estava sendo aplicado. E como a Prefeitura do Partido dos Trabalhadores não está aí para cumprir lei... Não, ela não cumpre lei, pura e simplesmente, e disse que não havia mais necessidade porque havia uma decisão judicial. Então, não havia necessidade. Independente da decisão judicial, a lei deve ser cumprida, até porque, se o Ver. João Dib tinha feito essa lei, a Deputada Rita Camata também tem a sua famosa lei, conhecida por todos. Lá diz que até o dia 30 do mês seguinte deve vir toda a explicação sobre gastos com pessoal, gastos sobre a receita corrente, quanto foi a receita corrente, quanto foi toda a receita, mas a Prefeitura não faz. Há uma omissão por parte da Câmara Municipal. Não estou dizendo para ser agradável ao SIMPA. Muitas vezes venho ocupar essa tribuna para dizer que há uma omissão. Nós nos omitimos no dia 13 de dezembro de 1991, quando decidimos neste Plenário que entraríamos na Justiça contra a má aplicação da Lei nº 6855. Levei cinco meses discutindo, até que veio um Projeto de Resolução. Depois me disseram:  “como vamos entrar na Justiça contra uma lei que nós aprovamos?”. Não quero que se entre na Justiça contra uma lei que foi aprovada; quero que se entre contra a má aplicação da lei. Assim tem acontecido. Nós temos sido condescendentes, mas devo dizer que nesta atual Legislatura parece que as coisas vão melhorar muito mais, porque há uma preocupação de fazer valer a lei. Não tem sentido fazer lei todos os dias. É por isso que o Prefeito vai fazendo as coisas que quer e foi por isso que eu indiquei... Claro que foi uma forma jocosa de fazer, porque lá está o Dr. Tarso Genro dizendo que tem hora marcada para atender o servidor público para tratar de dissídios e interesses atingidos; lá está o Dr. Buchabqui dizendo a mesma coisa. Sei que alguns Vereadores do PT ficaram brabos quando eu disse isso aqui, mas eu acho muito estranho alguém que tirou os direitos, mais do que as vantagens, dos municipários agora ter hora marcada para atender, no seu escritório de advocacia, os servidores públicos, quer seja estaduais, federais ou municipais. Aqueles que sabem como tirar o dinheiro,  porque não foi coisa diferente que fez o Prefeito Tarso Genro, fazendo retroagir uma decisão judicial para tirar um dinheiro que já estava conquistado pelos municipários em maio de 1995... Agora, quando a decisão caiu, esta Casa deveria obrigá-los a cumprir a lei que lá está. É omissão. Não tem outra palavra que se encontre para dizer. No Pedido de Informações que me foi respondido, com o qual eu não concordei, mas não adiantava não concordar, o Prefeito disse, tranqüilamente, que a decisão judicial “cessava tudo quanto a antiga musa canta” ou cantava. Parece-me que agora houve uma decisão judicial. Deve cessar tudo outra vez e a Lei ser aplicada com a correção e a exação devidas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em outras épocas sempre cobramos e estivemos ao lado de reivindicações justas, sempre que chegaram a esta Casa, dos funcionários da Prefeitura e desta Câmara, através do SINDICÂMARA e do SIMPA. Também, neste momento, nos solidarizamos com essa luta que é ampla, atinge governos municipais, estaduais e federais. Creio que há uma grande hipocrisia neste País quando se fala no sucesso do Plano Real e se contingenciam os servidores públicos, hoje bode expiatório de tudo o que acontece de mal no País. Essa é uma mentira deslavada, tanto que há poucos dias foi aumentado o telefone em 250% sem nenhum aumento para ninguém. Às vezes temos que ver, olhar e auscultar aqueles que entendem bastante de economia, embora no passado não tenham solucionado os problemas, mas que neste momento, em apontando fatores... Como fez o Sr. Delfim Neto, em entrevista ontem no “Jornal do Brasil”, quando apontava fatores com a sua aguçada inteligência, dizendo que se pode, sim, mexer em situações do Plano Real sem que o atual Plano vá prejudicar aqueles que, segundo consta, estaria beneficiando, que são as classes menos favorecidas com a questão da cesta básica. Essa não é a questão. A questão são certas contradições do Partido dos Trabalhadores e da Administração Popular em relação à política dos funcionários. Anos atrás e aqui mesmo nesta Casa, há cerca de oito, dez anos, lembro muito bem de que se falava e sempre advinha do Partido dos Trabalhadores uma palavra em relação ao DIEESE. Sempre exaltando o DIEESE e até aqueles que dirigiam o DIEESE, conseguiram projeção nacional e eis que, de repente,  quando o DIEESE estava dando índices que ao Governo não interessava, o Governo trocou esse índice pelo IGPM e a Justiça não concordou - ainda bem que há Justiça - e não vai concordar no Supremo. Há, apenas, ganho de tempo. O que tem que se apontar aqui, e o Ver. João Dib o faz com muita eficiência, assim como o Presidente do SIMPA e a Sra. Marina, Presidente do SINDICÂMARA, é a política do Município com relação ao salário dos funcionários. Um erro nunca justificou o outro. Se o Governo estadual tem uma política funcional, o  Município não tem nada a ver. Inclusive, o Governo estadual faz parte de uma outra situação política que, aliás, não é o que pensa a Administração Municipal politicamente com relação ao Governo Estadual e ao Governo Federal. Se o Governo Federal faz a sua política em cima de um arrocho salarial, que é o que está acontecendo, e se o Estadual segue os seus passos, problema deles. E é uma administração que diz que  sempre permeia os seus atos voltada para os menores e gosta de dizer “trabalhadores da educação, trabalhadores disso, daquilo”, ou seja, sempre querendo dizer que não encara os funcionários como burocratas, mas sim como trabalhadores. Ou é só quando convém dizer “trabalhador da educação”? Por que não trabalhadores da fazenda, da saúde e de outros setores? O mínimo que se pede neste momento do dissídio, e é neste momento do dissídio que vale engrossar politicamente essas reivindicações, é coerência. E aí nós pensamos juntos - o PDT e o PT - que a política do neoliberalismo é nefasta, que há um arrojamento, que há um desemprego nunca dantes imaginado no País. Nessas questões políticas, macropolíticas, globais, temos o mesmo discurso, e por que não a mesma prática? Não é justo que, se há um erro na Nação, um erro no Estado, cobre-se do funcionário que não tem aumento há dois, três anos.

Então, por que a Administração Popular não inova, dizendo: “Bom, é problema deles! Se eles acham que o funcionário é bode expiatório, nós não achamos!”?  Mas as respostas dos prefeitos das Administrações Populares são sempre as mesmas: “Ah, pois é, mas nós cumprimos a bimestralidade e uma série de coisas, e tem que cumprir a Lei Camata e tal”. O mesmo discurso que os outros fazem. Nesse teor o discurso é o mesmo, porque o achatamento é o mesmo, ou pior, como diz o Presidente do SIMPA.

Então, neste momento, estamo-nos solidarizando ao SIMPA e à sua luta, ao SINDICÂMARA e à sua luta, aos funcionários municipais e à sua luta, porque eu acho que tem que se quebrar o gelo, porque se pode a União aumentar telefones de uma forma absurda, e não é a primeira vez, pode-se aumentar serviços públicos, como veio aumentando durante o Plano Real. Por que não pode também fazer uma melhora? E o cumprimento de leis votadas nesta Casa e não cumpridas, e perdendo na Justiça, como perdeu na questão do índice de averiguação da inflação?

De modo que, neste momento, leve V.Sa. a solidariedade na luta, como de resto todos os funcionários e trabalhadores, seja no que for, que merecem. Agora é a sua oportunidade de quebrar o gelo e fazer vigorarem as leis. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE:O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não vou falar sobre o assunto SIMPA. Peço, inclusive, desculpas aos integrantes da FARSUL que daqui a pouquinho serão homenageados nesta Casa. Esta Casa está ávida para começar a solenidade que vai fazer com que a instituição possa ser homenageada por nossa Câmara Municipal, mas me cabe fazer um  pronunciamento.

Desde que vim a esta tribuna fazer um comentário sobre um fato nesta Casa, isso gerou até outros comentários distorcidos por parte de colegas. O Ver. Adeli Sell, na oportunidade em que eu fazia um comentário a respeito de negociações de voto - eu usei a palavra, e reconheço, Ver. Adeli Sell, pesada para o momento, que foi a palavra “negociata” -, solicitava da sua tribuna que eu  modificasse o termo. Como o meu discurso ainda não foi corrigido, eu modifico o termo que V.Exa. solicitou que eu modificasse para “negociação”.

Por causa do pronunciamento que fiz, o Ver. Edi Morelli disse que em uma determinada oportunidade negociou o seu voto; votou num Projeto de interesse do Governo para ganhar benefícios, não para si, mas para sua comunidade. Isso também fez com que alguns outros Vereadores viessem a esta tribuna e até ofendessem o Ver. Edi Morelli, dizendo que ele não era um Vereador sério. E eu acho que o Ver. Edi Morelli foi um Vereador muito sério, passou por esta Casa e teve um bom trabalho realizado.

Como não podemos deixar o fato pairando no ar, como isso tem que ser resolvido de alguma forma, eu, consultando algumas Lideranças desta Casa, resolvi por bem: em primeiro lugar, estou dizendo ao  Ver. Adeli Sell, que está aqui presente, que ouço a sua Questão de Ordem e faço a troca da palavra “negociata” por “negociação”; em segundo lugar, eu peço uma Comissão Especial na qual deverá ser ouvido o Ver. Edi Morelli para que possa dizer, exatamente, qual foi essa negociação que ele fez e que hoje ganha espaço na imprensa de uma forma que, até certo ponto, pode ser distorcida. Para que possamos voltar aqui nesta Casa a  averiguar qual é a verdade dos fatos, que as Lideranças desta Casa e as próprias Comissões permitam que essa Comissão Especial possa funcionar, que haja  permissão para que esta Comissão Especial possa ser criada na Casa, que o Ver. Edi Morelli possa ser ouvido e, se for preciso, que outros Vereadores, se  assim o quiserem, possam ser ouvidos nesta Comissão. Achei por bem fazer a solicitação  desta tribuna. Quando  me referi aos Vereadores de 1989 para cá, não quis ofender ninguém. Quis dizer, exatamente, da necessidade que esses Vereadores sempre tiveram de poder beneficiar as suas comunidades e para isso, assim como ocorreu com o Ver. Edi Morelli, eram obrigados a negociar os seus votos. Por isso, tiro o termo “negociata” e coloco o termo “negociação’. Acho que com a Comissão Especial -  estou encaminhando o pedido neste instante para a Mesa - poderemos resolver de vez esse caso para que nada paire realmente sobre a honra dos Vereadores que formam esta Câmara Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Presidência recebeu Requerimento do Ver. Carlos Garcia, solicitando licença para tratar de interesses particulares no dia 28 do corrente mês.

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Carlos Garcia conforme consta da Ata.)

O Requerimento do Ver. Luiz Braz, lido da tribuna, será encaminhado regimentalmente.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, gostaria de deixar registrado pedido de tempo de Liderança, após a realização do período de Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE: A Presidência agradece a presença do ilustre Presidente do SIMPA, César Pureza, e suspende a Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h45min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às l4h46min): Estão reabertos os trabalhos. Queríamos informar aos Srs. Vereadores que estamos chegando, neste momento, de um almoço oferecido pelo Jornal do Comércio de Porto Alegre em comemoração aos 64 anos da sua fundação e ao Dia da Indústria. Neste evento ocorreu a entrega de troféus de destaques, que o Jornal do Comércio realizou para várias personalidades. Nós estivemos lá representando a Câmara e por isso estamos chegando nesse momento.

Passamos ao período de

                           

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

 

O Grande Expediente de hoje destina-se a homenagear os 70 anos da FARSUL. Saudamos os Senhores representantes da FARSUL que estão aqui nesta Casa. O Requerimento é de autoria da Mesa, por solicitação do Vereador Vice-Presidente Isaac Ainhorn, e foi aprovado pelos Srs. Vereadores por unanimidade.

Convidamos para fazer parte da Mesa o Dr. Armando Ross, Presidente em exercício da FARSUL; o Dr. Hugo Giudice Paz, ex-Presidente da FARSUL; o Senhor representante da Câmara Municipal de Canguçu, Ver. Hermes Ribeiro de Souza Filho, Diretor-Secretário da FARSUL; o Capitão Pércio Brasil Alvares, representante do Comando-Geral da Brigada Militar, e o Professor Mário Hamilton Villela, representante  do Reitor da PUC.

Temos a satisfação de nominar ainda várias personalidades como extensão da Mesa: Dr. Valmir Susin, Dr. João Carlos Machado, Dr. Antônio Chaves Barcelos, Vice-Presidentes da FARSUL; Dr. Luiz Fernando de Oliveira Nunes, Diretor-Tesoureiro da FARSUL; Dr. Henrique Orlandi, membro do Conselho Fiscal da FARSUL; Dr. Orlando Hecmann, Presidente da Comissão de Leite e Derivados da FARSUL; representantes do Serviço Nacional de Aprendizado Rural, Diretores-Técnicos, Sr. Elói Flores da Silva e Sr. Marco Aurélio Lemos da Silva; Dr. Luís Moraes Varella, Vice-Presidente da FARSUL; e demais funcionários da entidade que nos dão a honra de sua presença.

Convidamos o Ver. Isaac Ainhorn, 1º Vice-Presidente da Casa, para usar a palavra e saudar os 70 anos da FARSUL em nome de todos os Vereadores e do Legislativo de Porto Alegre.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente desta Casa, Ver. Clovis Ilgenfritz, que poderíamos, com absoluta tranqüilidade, dizer que é um homem ligado à terra pelas suas raízes familiares paternas - na semana passada, esta Casa teve a oportunidade de fazer uma homenagem ao progenitor dos Ilgenfritz. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Com satisfação, também registramos a presença de diversos diretores da FARSUL e de funcionários desta,  podemos dizer, Instituição do Estado do Rio Grande do Sul.

Não é a primeira vez, Srs. Vereadores, que esta Casa presta homenagem à FARSUL. Recordo-me, há dez anos, quando esta Casa prestigiava e homenageava a FARSUL pelo seu 60º aniversário, e agora, mais do que nunca, há oportunidade desta homenagem. Neste momento, também registro, até como uma justificativa pela sua importância, a ausência do Presidente da FARSUL, que é dignamente representado pelo seu Presidente em exercício, Dr. Armando Ross. Registro a ausência do Presidente Carlos Sperotto, recentemente eleito, que, acompanhando uma delegação oficial presidida pelo Ministro da Agricultura, Sr. Arlindo Porto, e do Secretário da Agricultura, Sr. César Schirmer, está entregando um documento hoje, em Paris, na França, solicitando que o Rio Grande do Sul seja declarado Estado livre da aftosa. Há mais de três anos  não são registrados casos de doença no Estado - sem dúvida nenhuma, um passo importante na luta pela erradicação da febre aftosa e uma grande vitória dos produtores, que têm, na liderança dessa luta, a FARSUL. Nós, no curso destes 70 anos de existência da FARSUL, poderíamos dizer muitas coisas, mas eu aqui me lembro da manifestação do ex-Presidente Hugo Giudice Paz num importante depoimento sobre a FARSUL, no último sábado, quando registrávamos os 70 anos de aniversário dessa instituição. Quando algum produtor rural procura se ligar a algum dos sindicatos rurais deste Estado, e a Federação é a congregação de todos esses sindicatos, não perguntam ao seu associado se é um arrendatário, se é um posseiro ou se é um proprietário de 50 hectares ou de mil hectares. O pré-requisito das instituições que compõem a Federação de Agricultores do Estado do Rio Grande do Sul é, simplesmente, o de ser ligado à atividade rural e produtor rural. Esse é um dado extremamente importante que ligamos a essa história importante da FARSUL, da Casa do Produtor, que ainda não nos habituamos ao prédio moderno que ela possui aqui, no Largo Saint-Pastous. Nós ainda nos lembramos da histórica casa ali, na Av. Borges de Medeiros, ao lado da Caixa Econômica Estadual - a chamada Casa da FARSUL, a Casa do Produtor Rural, a Casa Rural.

Ao saudar e parabenizar, em nome desta Casa, a passagem dos 70 anos de fundação da FARSUL, 70 anos de relevantes serviços prestados à atividade agropastoril e à sociedade rio-grandense como um todo, não poderia deixar de fazer um registro a uma manifestação específica de um Vereador desta Casa que fez questão de fazer uma nota no seu gabinete: o Ver. Adeli Sell. Leio sua nota com absoluta tranqüilidade e com a responsabilidade de expressar, neste momento, o conjunto dos Vereadores que compõem esta Casa.

Faço questão de mencionar pelo menos três tópicos da importante manifestação do Ver. Adeli Sell, do PT. São dados importantes e deles estamos conscientes, pelas dificuldades que atravessa o setor ligado à economia primária em nosso Estado.

Diz o Vereador: “O sucesso do Plano Real e a estabilização econômica com os baixos índices inflacionários têm como sustentáculo básico os baixos preços praticados na comercialização da produção agropecuária. Desde a implantação do Plano Real, os insumos utilizados na lavoura e na pecuária tiveram uma alta de 46%, enquanto os preços dos produtos agropecuários tiveram um índice de valorização de somente 9%. Daí se conclui que o sucesso econômico do Plano Real é sustentado pelos penalizados produtores rurais brasileiros. No último decênio, as cíclicas secas em nosso Estado têm propiciado terríveis e avultados prejuízos aos produtores, e quando eles poderiam ter uma remuneração mais condizente na comercialização da sua produção agropecuária, desbragadamente o Governo permite e estimula a importação de alimentos de outros países a preços subsidiados.”.

Diz ainda: “Isso significa que a propriedade rural deve ser vista como empresa e que, para bem administrar o seu negócio, o produtor-empresário tem que possuir uma sólida formação profissional e uma competente capacitação gerencial. São os argumentos que, no curso desses anos, têm se alinhavado para justificar uma possibilidade de superação dos obstáculos por que passa o setor da economia primária.”.

E aos representantes da nossa homenageada não precisaríamos sequer mencionar esses dados, que são do seu conhecimento pois sente na carne as agruras e os dramas da economia primária do nosso País, mas gostaríamos de registrar que no Estado do Rio Grande do Sul as contribuições dos produtores rurais e os estímulos à pesquisa e ao estudo das atividades agropastoris são da maior qualificação nacional e internacional. Não preciso invocar aqueles que no início do século introduziram importantes conhecimentos e dados não só de natureza teórica, mas de uma ação teórica para uma aplicação imediatamente prática na busca de uma melhoria da qualidade dos nossos produtos primários, notadamente na atividade pecuária, onde temos um desenvolvimento da mais alta qualidade, em que a atividade pecuária, do plantel das mais diversas raças, importadas e trazidas para o Estado, permitem dizer que o Rio Grande do Sul é o referencial obrigatório de qualquer estudo da atividade pecuária no País e no mundo inteiro e também do ponto de vista de referências teóricas e bibliográficas de experiências que aqui já foram realizadas. Se mais ainda não é feito, infelizmente devemos debitar a uma política que vem sendo praticada e que vem, inegavelmente, penalizando os setores ligados à economia primária.

Por isso, num Estado que tem a sua base e essência na atividade agropastoril, a Cidade de Porto Alegre, através da sua representação popular, não poderia, nesta oportunidade, deixar passar em branco os 70 anos da FARSUL, até porque Porto Alegre, além de ser a Capital deste Estado, que tem por base a economia primária, é também uma referência necessária em termos de vocação agropastoril. Porto Alegre também o é pela atividade dos nossos pequenos e médios empresários rurais no âmbito do chamado “cinturão verde”, na produção frutífera da Vila Nova, da pequena propriedade que estabelece uma qualidade de frutas como o pêssego e a ameixa, que têm conquistado cada vez mais espaços, sendo produzidos aqui, na região de Porto Alegre. Temos aqui também experiências na própria atividade pastoril que são extremamente interessantes. Por essa razão, não só por ser Porto Alegre a Capital do Estado do Rio Grande do Sul, um Estado que tem a sua base, a sua essência, na produção de divisas, na atividade da economia primária, mas também pela vocação agropastoril da Capital do Estado do Rio Grande do Sul, a nossa saudação às lideranças rurais, aos dirigentes da FARSUL, que representam e simbolizam tão bem essa luta no curso dos anos em defesa do desenvolvimento da economia rural do nosso Estado. Nosso muito obrigado e a nossa satisfação, Dr. Armando, Dr. Hugo e demais Diretores que prestigiam a homenagem que, neste momento, a Câmara Municipal presta aos 70 anos da FARSUL. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)        

 

 

O SR. PRESIDENTE:  Nominamos ainda, com muita honra para nós, os  Srs. Eurico Dornelles e Rafael Saad, membros da Diretoria da FARSUL, que se encontram presentes.

De imediato, peço ao Secretário, Ver. Paulo Brum, que leia alguns dados referenciais do Presidente em exercício da FARSUL, Sr. Armando Ross, que, após, fará uso da palavra.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Dr. Armando Ross: 1º Vice-Presidente da FARSUL; Presidente em exercício da Federação da Agricultura - FARSUL; Líder Sindical do Sindicato de Produtores Rurais de Não-Me-Toque; executivo de entidades de classe - APASSUL, treze anos; ABRASEM, dois anos de Presidência e quatro de Vice-Presidência; FELAS - Federação Latino-Americana de Sementes. Produtor rural de trigo, soja, milho e sementes; Vereador por três mandatos na Câmara Municipal de Não-Me-Toque; Presidente da Câmara, exercício em quatro períodos; Liderança de Bancada durante dez anos.

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Armando Ross está com a palavra.

 

O SR. ARMANDO ROSS: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Clovis Ilgenfritz da Silva; demais componentes da Mesa; autoridades já nominadas; Srs. Vereadores; colegas de Diretoria; funcionários da FARSUL; Srs. Vereadores. A FARSUL e seus cento e vinte e quatro sindicatos de produtores rurais, nos seus setenta anos, através de sua Diretoria e seus funcionários, agradece e registra a alegria que nos proporciona a Câmara Municipal de Porto Alegre. Saiba V.Exa., Dr. Clovis Ilgenfritz, que este ato é de grande significado para todos os pecuaristas do Rio Grande. Este ato nos enleva. É momento de grande emoção, é tempo de fé  nos homens que lutam pela construção de uma sociedade justa e solidária. A FARSUL, Sr. Presidente, amadureceu muito ao longo de sua existência, aprendeu com seus produtores a construir os caminhos, entre o produzir e o distribuir com a sociedade, entre o trabalhar e o repartir o resultado produzido. Aprendeu, como entidade de classe, que a construção de uma imagem e de uma posição sólida só é conseguida quando se apresenta como negociadora com propostas coerentes e aceitáveis pela sociedade.

Sr. Presidente, a FARSUL, nos setenta anos, na gestão Carlos Sperotto, criou uma Assessoria Parlamentar para atuar junto aos Legislativos municipais, estaduais e federais. No Legislativo, vai-se buscar o caminho para a ação. A população muitas vezes desconhece fatos como os que citamos como ilustração: do pão produzido, apenas 7,8% retornam ao produtor do trigo; do algodão, apenas 11% retornam ao produtor; da roupa de seda que muitas vezes usamos, somente 4% retornam ao produtor. Nem por isso muitas vezes deixamos de ser os responsáveis pela inflação que ocorre. Gostaria de registrar como um destaque, como algo de especial nesta Casa do Povo de Porto Alegre: a FARSUL orienta seus filiados para produzirem a baixos custos (aumento de produção e produtividade, custo menor) para dar maior acesso à população. Não prega elevação de preços para esconder ineficiências. Preocupa-se com a qualidade e a sanidade dos alimentos que são entregues à população.

Fundada em 24 de maio de 1927 no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, a Sessão de fundação teve por motivação o Congresso dos Criadores de maio de 1927. Presidente da Sessão: Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, Presidente do Estado do Rio Grande do Sul na época. Fundadores: vinte e sete associações rurais de todo o Rio Grande do Sul.

Recomendou o Presidente do Estado em seu discurso de inauguração da FARSUL: “Associai-vos, organizai uma direção central, criai os organismos necessários à defesa de vossa indústria. Individualmente e isolados, continuareis a ser fracos e impotentes, mas organizados e unidos pela solidariedade e cooperação sereis uma força invencível.”.

Ao longo do tempo, ganhou espaço na ação classista e assumiu importante posição no cenário político de nosso Estado e no plano nacional. Passou das vinte e sete associações para uma estrutura sindical forte e atuante. São cento e vinte e quatro sindicatos distribuídos no Rio Grande, divididos em treze regiões diferentes do Estado. Saiu da sede da Av. Borges de Medeiros para uma estrutura edificada na Praça Saint Pastous de Freitas, com o objetivo de abrigar as representações de classe e as associações de produtores.

Organizou por longo período as exposições e feiras no Parque Menino Deus, na Av. Getúlio Vargas, consagrando uma época de relações próximas entre população de Porto Alegre e expositores. Foi uma fase de identificação com a população de Porto Alegre e a Região Metropolitana.

Inaugurado o Parque Assis Brasil, abre-se imenso espaço para a mostra do setor agropecuário. Expande a FARSUL sua ação a expositores nacionais e internacionais, tornando o evento o maior da América Latina. Surge um momento mágico, inicialmente entre a população do Rio Grande do Sul e os setores expositores e, mais recentemente, pela envergadura e porte que toma o evento, internacionaliza-se.

A inserção da FARSUL no processo de desenvolvimento do Estado e na modernização institucional do setor agropecuário vem de longe, sempre pautada pela ousadia na inovação e cautela na ação. Atravessou períodos distintos e de difícil convivência política com o Estado brasileiro e seu aparato político-institucional. A tudo presenciou e interagiu com segurança, porque sempre teve claro o seu papel de mediadora dos assuntos pertinentes à agropecuária rio-grandense.

Ao abrir-se uma janela no correr dessa existência, saltam, de seu interior, distintas e interessantes etapas do processo evolutivo: das charqueadas  aos frigoríficos modernos, voltados ao mercado nacional e internacional; do arado de aiveca e da meda do arroz para a colheitadeira automotriz, o uso do “laser” e da informática; dos agregados de estância aos acordos coletivos de trabalho; da lavoura simples, administrada pela família, para a empresa agropecuária dirigida por empresários, independente do seu tamanho; da relação comercial primária para o complexo das cadeias produtivas do “agribusiness”.

O horizonte, que sempre se afasta a cada conquista da FARSUL e seu conjunto de sindicatos e associações, aponta para um novo milênio. Avista grandes transformações nas relações humanas e das nações, provocadas pela velocidade da informação e dos negócios no mundo empresarial. Vive o presente com intensidade e prepara-se para o amanhã.

A FARSUL já está voltada para o futuro, convicta do papel da formação profissional, da promoção social e do conhecimento do meio rural. Prepara-se, através do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR/RS, para levar às lideranças sindicais, aos jovens empresários e à mulher rural a idéia de um mundo em transformação e novo para os referenciais dos últimos cinqüenta anos. A experiência dos setenta anos, Srs. Vereadores, está a nosso favor. Andamos muito, mas é recente o nosso caminho de moço. Muito obrigado, em nome da Direção e dos funcionários da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com muita satisfação, presidimos esta Sessão. Foi muito importante para todos nós saudarmos a FARSUL pelo que ela vem desenvolvendo em todo o nosso Estado. Solicito ao Sr. Armando que ele transmita ao meu amigo de infância, Carlos Rivaci Sperotto, o “Tuta”, um abraço fraterno. Desejo que  se lute sempre pelo Rio Grande do Sul, pela melhoria real das condições de produção na agricultura e na pecuária, o que seria muito bom para todos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h19min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h26min): Estão reabertos os trabalhos.

Antes de passarmos ao tempo de Liderança e oferecer a palavra aos oradores de hoje no Grande Expediente, a Mesa faz questão de esclarecer que o Ver. Reginaldo Pujol, a rigor, havia manifestado a intenção de falar no Grande Expediente em homenagem à FARSUL. A Mesa não entendeu isso. Havia um acordo sobre o qual ele não foi consultado. Queremos nos penitenciar perante o Ver. Reginaldo Pujol, fazendo questão de que conste nos Anais da homenagem à FARSUL esse lapso da Mesa e o manifesto do Vereador em fazer saudação também aos nossos homenageados. Baseamo-nos no fato de que as Lideranças haviam-se consultado mutuamente.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): V.Exa. acabou de informar ao Plenário uma reclamação que fiz, enquanto integrante da Mesa, ao Presidente da Casa. Não me dirigi ao Plenário da Casa porque não cabia fazê-lo. É um assunto que ficará restrito à Mesa e na próxima reunião terei oportunidade de registrar minhas posições.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, entretanto, Vereador, fez questão de esclarecer para que o nome de V.Exa. constasse nos Anais do que vai ser enviado à  FARSUL, porque V.Exa. tinha interesse em falar e nós, inadvertidamente, não lhe demos a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Fui surpreendido com uma grande homenagem que esta Casa me fez, solicitando que eu falasse em nome de todas as Bancadas, até porque antes já havia solicitado o tempo do Ver. Lauro Hagemann, que gentilmente tinha me cedido, além do que entendi  pelo depoimento do Ver. Adeli Sell, e insisti para que ele falasse. Mas, como houve um entendimento nesse sentido, recebi com muita honra, e ainda mais dentro da grandeza de V.Exa., que fez mencionar um fato que eu não havia transmitido para ninguém, que eu havia proposto à Mesa Diretora que assumisse uma homenagem a essa instituição que completou seus setenta anos.

          

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt em tempo de  Liderança.

          

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tempo de Liderança é extremamente curto, mas quero trazer aqui, de maneira formal, uma denúncia que já está sendo encaminhada através dos órgãos competentes da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que envolve o Sr. Joani Fernandes Nunes, que está aqui no Plenário nos acompanhando. É uma situação “sui generis”. Não é a primeira vez que acontece. A Prefeitura de Porto Alegre sempre que quer fazer determinadas obras de abertura de vias públicas, nos últimos tempos, primeiro ela entra no terreno particular e depois trata de fazer acertos. Aconteceu isso, Ver. João Dib, com a Av. Florianópolis, e creio que vários de nós recebemos a visita da proprietária dos terrenos. A Prefeitura eventualmente recolheu a anuência da proprietária, abriu a Av. Florianópolis e depois se esqueceu de negociar com a proprietária qualquer coisa. Pois com o Sr. Joani  Nunes ela fez pior. A Prefeitura não apenas, no dia 02 de outubro de 1996 - despacho cuja cópia tenho aqui na minha mão -, através de um despacho da SPM, liberou a construção da  casa desse cidadão, mas entregou para ele uma declaração municipal com toda a orientação técnica do que ele poderia fazer nesse terreno, porque ele comprovou que era a sua única propriedade, já que ele vive num local alugado e havia, junto com a irmã, juntado os pequenos valores de dinheiro que possuía, havia adquirido a área depois de indagar da Prefeitura, de maneira formal, com documento, se ali poderia ser construído ou não, e ter a anuência, porque obviamente não teria sentido alguém comprar um terreno para depois não poder construir, se o que ele estava querendo fazer era construir. O Sr. Joani, no dia 02/10/96, recebeu até mesmo a DM e a orientação da construção que deveria fazer. Foi surpreendido, a partir do dia 02/02/97, com a entrada das máquinas sobre os seus dois terrenos, abrindo a rua, imediatamente fazendo a obra inteira e simplesmente asfaltando toda a área. Isso ocorreu exatamente no prolongamento da Av. Paula Soares, lá no Jardim Sabará, a menos de quinhentos metros de onde moro, a partir da Rua Leopoldo Bertiol, já que os dois terrenos de propriedade do Sr. Joani são terrenos que se situam entre os números 60 e 90 - quer dizer, são exatamente os terrenos de números 70 e 80. O Sr. Joani, que se valeu do art. 130 da Lei nº 4379 - que permite que ele tenha prioridade na construção da área exatamente porque ele não tem onde morar e ele é o único proprietário dessa área e, portanto, tem a prioridade -, o Sr. Joani recebeu declarações do DEP, da SPM e da SMOV de que a Prefeitura não ia mais fazer a extensão da Av. Paula Soares, que havia mudado o projeto da área e, portanto, podia ele construir à vontade. O Sr. Joani contratou engenheiro, se preparou para cumprir rigidamente a orientação da SMOV e aí descobriu que, exatamente sobre as duas áreas dele, onde passa o Arroio Passo da Mangueira, ele não era mais dono. A Prefeitura não fez decreto de utilidade pública, a Prefeitura não fez decreto de desapropriação. A Prefeitura simplesmente enfiou as máquinas lá em cima, abriu a rua, colocou asfalto e depois os funcionários ficaram jogando o Sr. Joani de um lado para o outro, de um lado para o outro, de um lado para o outro, até que ele veio parar no nosso gabinete na semana passada.

Eu disponho, Sr. Presidente, de toda a documentação - mapas, croquis, declarações, autorizações, enfim, tudo o que os Srs. Vereadores quiserem. Na semana passada, em contatos com a SPM, quando a assessoria da SPM descobriu a situação e também a assessoria da SMOV, pediram tempo. De terça-feira passada até sexta-feira passada fiquei esperando retorno. Fui informado por D. Clarice Copetti, da SPM, de que eles tratariam de corrigir a besteira. Reconhecem o erro, põem a mão na consciência. Ficaram de encaminhar urgentemente a solução do problema que é ou uma indenização ou uma permuta. O meu temor, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que, de novo,  levemos meses e meses e meses e talvez anos sem resolver o problema. Enquanto isso, o Sr. Joani continua pagando aluguel. Pode ser que ele consiga  a indenização ou pode ser que ele consiga a permuta. Ele quer uma permuta, ele aceita uma permuta. Curiosamente, a Prefeitura jura que não tem área para dar naquela região. Todos os Vereadores da região - o Ver. Juarez Pinheiro, por exemplo - sabem que no Jardim Sabará e no Jardim ltú há terrenos de monte, tanto que a Prefeitura está vendendo os terrenos que ganhou - aliás, de graça - por doação das cooperativas. Não pagou um tostão pelos terrenos e está vendendo para os lindeiros, e diz que não tem terrenos para permutar com o Sr. Joani.

Diante desta certa má-fé e dessa incompetência anterior, estou fazendo este registro e deixo à disposição dos Srs. Vereadores os registros fotográficos:  o que era área do Sr. Joani e que hoje em dia é a rua, já devidamente asfaltada em três meses de obra. Tudo o que a Prefeitura disse ao Sr. Joani foi: “por que o senhor deixou o trator entrar lá?”. Vai ver que o Sr. Joani podia deitar na frente do trator, e aí, hoje, nós iríamos estar tratando com os filhos órfãos do Sr. Joani para resolver o problema. Essa é a maneira que infelizmente, às vezes, a Prefeitura tem trabalhado na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

          

O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver. José Valdir, que pede para falar por último.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero dividir a minha intervenção em duas partes. Num primeiro momento, por falta de espaço na Pauta, queria salientar que apresentamos - e eu falo para as galerias, porque não vejo nenhum Vereador me escutando, a não ser os Vereadores Lauro Hagemann, Renato Guimarães e o Ver. Antônio Losada -, gostaria de registar que estamos apresentando na Pauta da presente Sessão Ordinária o PR  015/97.

Neste Projeto estamos homenageando uma figura ímpar na política de saúde deste País, que é o Dr. Carlos Grossman. O Dr. Carlos Grossman, além de ser um dos médicos especialistas mais renomados deste Estado, criou a residência médica no Murialdo, que resultou naquele belíssimo trabalho comunitário. Depois, criou a residência em Medicina geral e comunitária no Grupo Hospital Conceição, e todos sabem do êxito desse trabalho.

            

O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Juarez Pinheiro, se existe alguém que preenche todos os requisitos da lei na sua plenitude para receber o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, é o médico Carlos Grossman. V.Exa. teve a felicíssima iniciativa de apresentar a esta Casa o nome desse eminente médico para receber este título. Meus cumprimentos a V.Exa. pela sensibilidade de homenagear o médico comunitário Carlos Grossman pelo que já fez em termos de Medicina comunitária, pois é uma das áreas mais difíceis e nevrálgicas da Cidade. Meus cumprimentos, Ver. Juarez Pinheiro.

          

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Nobre Ver. Isaac Ainhorn, as suas palavras, com o brilho que o caracteriza, deixam-me satisfeito de ter tido a sensibilidade de homenagear este cidadão.

Gostaríamos de dizer que o sistema de atendimento implantado pelo Dr. Carlos na Zona Norte atende hoje, diariamente, mais de duzentas mil pessoas. O sistema é altamente resolutivo, pois 95% das pessoas que buscam posto de saúde comunitário - e são treze na Zona Norte - são de baixa renda. Inclusive, um ou dois postos foram abertos na gestão do Dr. Cláudio Sebenelo. Eram dez no nosso tempo, hoje são treze. Só podem ser dois ou três? Esta Casa saberá, nesse dia em que formos homenagear, honrar com as suas tradições, reconhecendo o mérito de uma pessoa que, inclusive, foi reconhecida recentemente pelas autoridades de saúde deste País.

Queria, Senhoras e Senhores, chamar a atenção para uma matéria publicada no jornal “Zero Hora” de domingo sobre um assunto que venho tentando discutir nesta Casa. Trata-se da discussão do Plano Real, que para milhões de pessoas está gerando  desespero, desemprego e infelicidade. O jornal “Zero Hora”, que tem tido uma posição simpática em relação ao Governo Fernando Henrique Cardoso, reconhece os dois calcanhares de Aquiles desse Plano e que ele está levando possivelmente ao caos.  Chama a atenção para um assunto que eu já havia, aqui neste Plenário, detectado e discutido com os Srs. Vereadores. O “Plano Real só chega até as eleições de 1998 porque estão entregando o patrimônio público”- está dito no jornal “Zero Hora”. Não é um material do PDT, não é um material do PT, não é um material do Partido do Ver. Lauro Hagemann. É o jornal “Zero Hora” de domingo. Não tem mais como levar esse Plano à frente a não ser com o sacrifício, com o emprego da vida de milhões de brasileiros. A balança comercial neste ano teve um “déficit” superior - já está tendo -, superior ao ano que passou. O “déficit” público cada vez é maior. Note-se que querem  jogar a culpa nos trabalhadores, nos funcionários públicos. Querem tirar vantagens,  querem tirar sua estabilidade com uma reforma constitucional calhorda, que não é copiada de dificuldades de países centrais, que não tem nada ver com a realidade deste País, com a realidade da América Latina. O Plano Real não tem saída porque o Governo não tem como baixar as taxas de  juros. Os capitais voláteis vão embora. Não baixando juros, setores imensos da nossa economia não têm como equilibrar, como exportar e  produzir. Os nossos pequenos e médios empreendedores obrigam-se a mudar de capital industrial para capital comercial, e o “déficit” público é imenso. No ano que passou, ficou em quase 15 bilhões de dólares. É cada vez maior. A nossa dívida de 68 bilhões de reais no final de 1995 pulou para 177 bilhões no final de 1996. A única forma que o Governo tem é pegar esse capital volátil e cada vez mais aumentar a nossa dívida e sacrificar o orçamento do País com o pagamento de juros e amortizações da nossa dívida.

É um crime que se comete com gerações de brasileiros entregar o patrimônio público, como foi o caso da Vale do Rio Doce, para que um projeto político insano, determinado pelo capital internacional, possa fazer com que o Governo de Fernando Henrique Cardoso - o FHC - leve esse Plano maldito até as eleições de 1998. Mas a população brasileira já demonstra que não vai mais se deixar levar por esse compadrio feito por parte da mídia com o Governo FHC. Os índices nunca foram tão baixos, e as razões são muitas, estão escancaradas.

Portanto, Srs. Vereadores, não adianta querer levar esse Plano até 1998. A população saberá responder nas urnas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann. (Pausa.) Ausente S.Exa.

Tem a palavra o Ver. Luiz Braz, que cede seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo. Oito minutos com S. Exa em Grande Expediente.

          

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, também me associo aos cumprimentos para o Ver. Juarez Pinheiro, ilustre colega Vereador, pela feliz idéia de indicar o nome de Carlos Grossman para receber o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Dispenso ao Dr. Carlos Grossman o mesmo afeto que ele dispensa a este que vos fala e que tem não só uma profunda admiração pelo seu trabalho, mas uma profunda admiração pelo ser humano contido na figura inigualável desse médico, professor universitário e grande incentivador da medicina humanista no momento em que o mundo põe entre o médico e o paciente a tecnologia. Eu me lembro perfeitamente da sua figura na porta da UTI, logo depois de um acidente de automóvel, impossibilitado de caminhar, pendurado em duas bengalas canadenses, aos berros, dizendo que o paciente tinha que fazer uma tomografia de urgência para ver se tinha hemorragia cerebral e se precisava ser operado. Era uma atitude do médico zeloso, do talento próprio daqueles que no dia-a-dia adverso do trabalho médico fazem dele uma sentinela da vida e, mais do que isso, um exemplo de postura para as próximas gerações. Essa é a figura de Carlos Grossman, de quem me declaro suspeito pela amizade, mas insuspeito como testemunha do seu imenso trabalho em São José do Murialdo e de um trabalho deslumbrante no Grupo Hospitalar Conceição, inclusive incompreendido. E hoje ele está afastado daquilo que mais gosta, que é a Divisão de Medicina Comunitária do GHC, onde, às oito da manhã, eu o encontrava todos os dias nos postos de saúde, dando aulas, conversando com os pacientes com intimidade, com aquelas pessoas que não têm a ventura de serem aquinhoadas pela vida com um conforto maior. Mas não tinham conforto maior aquelas pessoas do que o olhar amigo de Carlos Grossman.

Eu gostaria de mostrar a vocês a “Zero Hora” de segunda-feira, que, na página de política, faz um levantamento da Datafolha dizendo que a política desagrada a 37% dos brasileiros. Vejam os Senhores nossa responsabilidade de não fazer desta tribuna uma rede de intrigas. O Instituto Datafolha revela que a população não está satisfeita com a atuação dos homens públicos, e sim fazer desta tribuna uma mensagem de solução dos problemas brasileiros em que, na parte política, é destacado que o primeiro item, mais respondido, tem 24%, e o segundo tem 10%  e é saúde. E o título da matéria é “Saúde é o que interessa”.

Quero dizer aos brasileiros, aos gaúchos, aos porto-alegrenses e às pessoas que aqui estão que, realmente, está começando um excelente trabalho na área da saúde. Não cobrem resultados do Ministério da Saúde por esses dias, mas daqui a meses já pode haver uma cobrança com o Programa de Saúde da Família, idealizado e divulgado dentro do Ministério da Saúde pelo Sr. Carlos Grossman, nos mandatos dos Ministros Jamil Hadad e de Henrique Santilo.

Nós queremos chegar às eleições de 1998 com um candidato que preencha a maioria dos interesses deste País, que em dois anos não serão resolvidos. Os fenômenos e os acúmulos são importantíssimos. O problema do desemprego no País é extremamente importante, mas não é um problema específico do Brasil. É um problema de um sistema capitalista do mundo  inteiro, onde o problema estrutural é muito mais importante que o conjuntural. O Plano Real, muitas vezes, é acusado de causar desemprego, mas não é. O desemprego é um fenômeno hoje, no Brasil, pelas publicações da Fundação Getúlio Vargas e do IBGE, claramente de ordem estrutural.

A balança comercial hoje está negativa. As medidas para diminuir esse balanço comercial negativo já foram tomadas. Elas têm, inclusive, uma nova avaliação nos próximos dois meses e, dentro de noventa dias das medidas, o balanço comercial brasileiro tende a se tornar positivo. O Banco do Brasil, hoje, deu um lucro nesse semestre de 8,8 milhões. Quando era deficitário, o Governo era acusado de que era deficitário por causa da política do Banco Central. Agora que está positivo, então, temos que elogiar essa política. O “déficit” público existe? Existe, mas nós queremos fazer uma reforma administrativa em que se acabem  os privilégios, e não com as conquistas do funcionalismo. Os juros altos existem, mas existem em todas as economias que conseguiram se desinflacionar, todas as economias que conseguiram dar a volta na inflação e hoje tendem a ser estáveis, porque a maioria das economias da América Latina têm uma política de juros altos. Ora, dizerem que o Presidente tem a mídia a seu favor - vejo em todos os jornais de hoje, vi a semana passada toda - foi uma crítica violentíssima à Presidência da República. Acho que, se a mídia está a favor, eu não sei o que é ser a favor numa imprensa que hoje se jacta em ser contra o Governo Federal e fazer o chamado jornalismo investigativo sempre voltado ao Governo Federal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra em Grande Expediente.

          

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Na última quinta-feira, mais de uma vez a nossa Cidade foi abalada com um crime contra a juventude. O crime aconteceu com três jovens que pularam a cerca que divide a Av. Protásio Alves da área verde do SESC. Com o objetivo de participar de um “show”, um desses jovens de 21 anos, um jovem trabalhador, funcionário de uma empresa de cobrança, Ricardo Bueno, foi morto sem qualquer possibilidade de defender-se. Este é o relato dos seus colegas,  dos seus companheiros. É certo que uma situação como essa deve nos mobilizar e devemo-nos perguntar o que faz com que a violência seja vivida em tal nível na sociedade brasileira e no mundo dos nossos dias, especialmente com contradições tão profundas como as desta época em que nós temos tudo para aprofundar a capacidade da humanidade de viver bem, em que o avanço tecnológico e as novas formas de organização podem-nos apontar para uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna. No entanto, há aqueles que ficam do lado de fora da cerca e que, quando pulam, encontram uma arma voltada para a sua cabeça.

Eu faço este pronunciamento, nesta tarde, acerca deste tema, como uma preocupação e um respeito ao jovem Ricardo Bueno, porque lutamos todos nós - e esta Casa tem uma tradição de defesa dos direitos humanos -, mas também porque há duas semanas nós promovemos, Ver. Paulo Brum, aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, uma audiência pública tratando da questão da vigilância privada na Cidade de Porto Alegre. Saibam os Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras que, a partir daquela audiência pública, ficou muito clara, certamente para todos nós, mas falo neste momento em meu nome, a gravidade da situação que vivemos do ponto de vista da vigilância privada.

Vejam os Senhores que, no vácuo das empresas da atuação pública na área de segurança, o cidadão, cada vez mais, busca o apoio e a proteção das empresas privadas.  Eu tenho comigo um dossiê, Ver. João Antônio Dib, que traz setenta e nove denúncias da Federação dos Vigilantes e Empregados de Empresas de Segurança, que foram trazidas a esta Casa após terem sido enviadas à Polícia Federal. Nessas setenta e nove denúncias, nós observamos a ação da vigilância clandestina em nossa Cidade, de pessoas não preparadas para o exercício da vigilância, que é uma profissão de alta periculosidade e que tem como princípio a segurança pública e nunca a atitude de violência.

No entanto, as denúncias que foram aqui trazidas pela Federação dos Vigilantes só foram trazidas porque nenhuma delas foi respondida pela Polícia Federal, que é o órgão responsável e de direito e que deve ter uma ação de controle e de fiscalização sobre as empresas de vigilância, inclusive as que se instalam num nível municipal, como essas que estão em Porto Alegre.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o disciplinamento do exercício da atividade dos vigilantes é de responsabilidade e de controle e fiscalização da Polícia Federal. Estão afetos à Comissão Consultiva de Assuntos de Segurança Privada do Ministério da Justiça, e nós temos, hoje, informações precisas de que os órgãos de Polícia Federal não estão disciplinando, não estão regulamentando e não estão fiscalizando as empresas de vigilância de Porto Alegre. Portanto, temos, em grande parte das empresas, trabalhadores que não estão de acordo com o que prevê a Lei Federal 7102, de 1983, que diz que os vigilantes devem ter curso de formação e vigilância, comprovado o exame de saúde física, mental e psicológica, não podem ter antecedentes criminais registrados e devem estar completamente de acordo com a perspectiva da defesa da segurança e da defesa do cidadão.

Utilizo este tempo para registrar aos Senhores que é da responsabilidade da Polícia Federal, e que temos uma responsabilidade nossa de cobrança da Polícia Federal, que ela fiscalize as empresas de segurança e que já estou levando à Comissão de Direitos Humanos, à Polícia Federal uma solicitação expressa que quero que seja em nome desta Casa, inclusive que nos desvele a questão dessa empresa de segurança que tinha um vigilante tão despreparado e que este jovem, Ricardo, teve a triste coincidência de encontrar nessa noite, e não só coincidência, mas também pelo despreparo das nossas empresas de vigilantes.

 

O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Quero cumprimentar V.Exa. pelo pronunciamento oportuno e da maior importância. A atrocidade, crime hediondo cometido nas dependências do SESC naquela madrugada, chocou toda a população de Porto Alegre, do Estado e do País, porque, na verdade, foi notícia de caráter nacional. E tivemos ali demonstração de tudo o que V.Exa. denuncia desta tribuna: o despreparo, a truculência, a violência gratuita, porque estavam os três jovens imobilizados, sem oferecer qualquer perigo e, portanto, sem condições de reação e sujeitos ao cumprimento de qualquer ordem que o segurança lhes desse. O crime chocou a todos nós, e acho que o pronunciamento de V.Exa. é oportuno e induz a que tenhamos um cuidado especial e uma cobrança devida aos órgãos responsáveis pelo preparo e fiscalização desse tipo de atividade de segurança privada. Parabéns, Vereadora.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Quero agradecer ao Ver. Pedro Ruas e dizer que sobre essa matéria, Srs. Vereadores, não há o que legislar. É uma matéria de âmbito federal, mas não é de nossa têmpera lavarmos as mãos, pois isso não está coerente com a Câmara Municipal de Porto Alegre, com as nossas Comissões, especialmente com a nossa área de direitos humanos. Portanto, é por isso que estamos levantando essa questão e buscando que, nas diferentes esferas de poder, nós assumamos a nossa responsabilidade e, se essa é uma responsabilidade do Ministério da Justiça, temos que ser altivos, sim, e em nome da nossa cidadania buscarmos da Polícia Federal que ela fiscalize e que controle as empresas de segurança. Devemos buscar que a nossa cidadania esteja alerta sobre aqueles que não são profissionais, que não estão adequados e que não estão dentro dos critérios para atuarem no setor.

Agradeço aos meus colegas e espero que todos nós possamos estar juntos nessa cruzada contra a ação de maus vigilantes das empresas clandestinas em Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

          

 

O SR. PRESIDENTE (Pedro Ruas): O Ver. Nereu D’Ávila está inscrito. Ausente. O Ver. Paulo Brum está inscrito e cede seu tempo ao Ver. Guilherme Barbosa em Grande Expediente.

          

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na semana passada, o Conselho Monetário Nacional decidiu colocar o Banco Meridional na fila das privatizações. Depois de uma tentativa que avançou bastante, há cerca de um ano, quando o Edital chegou a ser lançado a público, houve um problema criado pelos próprios interessados na privatização do Banco Meridional, quando um dos concorrentes, ao analisar os dados do banco de forma indevida, de forma antiética, inclusive, deixou vazar a informação de que toda carteira de crédito do Banco Meridional seria podre. Um termo bastante utilizado para designar débitos, empréstimos realizados pelo banco e que não teriam a possibilidade de serem recuperados. Isso deu um impacto muito forte de opinião pública e nos concorrentes e terminou que o Governo Federal suspendeu o leilão de venda do Banco Meridional. Nós que batalhamos contra a venda desse estabelecimento, ao mesmo tempo em que ficamos chocados com a informação, tivemos um certo fôlego também, porque o Governo retirou o banco do processo de privatização naquela ocasião. Mas agora, de novo, há uma decisão de vender o Banco Meridional.

Já hoje, a “Zero Hora” informa que de novo o Banco de Boston é um dos interessados em comprar o Meridional, significando que este banco que já foi privado faliu, o Governo Federal recuperou-o com dinheiro público, veio a ter uma atividade muito forte, já retornando o dinheiro para o próprio Governo Federal. Ele está de novo na perspectiva de ser privatizado. Nós já discutimos isso muito nesta Casa. A cada Comissão Externa que montamos, fica clara para nós a possibilidade de que esse banco venha a cumprir um papel importante mantendo-se estatal. O Sen. Pedro Simon nos trouxe a cópia de um projeto de autoria de S.Exa., em que transforma o Banco Meridional do Brasil num banco do MERCOSUL, já que há uma decisão dos governos dos países que compõem o MERCOSUL de ter um estabelecimento bancário para regular as atividades financeiras nesse mercado. Há um projeto do Sen. Pedro Simon que tramita no Senado Federal, mas a passos de tartaruga, infelizmente. Agora, lamentavelmente, o Governo pretende vender esse banco. Aliás, foi declaração de dirigente do Banco Central de que o interesse é exatamente vender para o capital estrangeiro. Esse Banco, que tem uma história longa, que veio de três outros bancos privados, pode, a qualquer momento, ser de propriedade de um banco estrangeiro.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para deixar a minha posição pessoal: eu sou formalmente contra a venda do Banco Meridional. É uma postura pessoal minha. Não falo em nome da Bancada, mas quero-lhe dizer que endosso tudo o que V.Exa. está dizendo. Acho que a solução para este problema, indiscutivelmente, é a proposta do Sen. Pedro Simon.

          

O SR. GUILHERME BARBOSA: Exatamente, é uma proposta que é defendida há bastante tempo: que ele permaneça estatal e que possa cumprir esse papel, porque, necessariamente, o Governo Federal vai precisar de um estabelecimento bancário para fazer essa relação do MERCOSUL. O Banco do Brasil sabemos que é um banco mais voltado para a agricultura, para a pecuária. A Caixa Econômica Federal é um estabelecimento mais voltado para a moradia, em geral, e também para saneamento. Portanto, o Governo não tem hoje um instrumento para fazer essa relação comercial e bancária com os outros países do MERCOSUL. Pela localidade, o Banco Meridional está pronto para cumprir esse papel. Lamentavelmente, vemos essa perspectiva. Eu estou pensando em apresentar novamente a proposta à Casa, de que nós reestruturemos essa Comissão Externa embora saibamos que é possivelmente uma luta perdida, como diz o Ver. Pedro Américo Leal, mas que nós vamos vender o mais caro possível, fazer a denúncia que for necessária.

Mas permitam-me, colegas Vereadores, mudar de tema. É um assunto bastante diferente. Esta publicação linda, chamada “Cidades Gaúchas”, é de autoria do poeta Luiz Coronel com fotografia de Edelweis Passis e Eurico Salis. São várias cidades do Estado do RS, com poesias. Não preciso falar nada de Luiz Coronel e dos dois conhecidos fotógrafos. Foi trazida a proposta à Mesa Diretora da Câmara para que a nossa Câmara  publicasse esse livro. Nós decidimos não fazê-lo porque de Porto Alegre só existe uma foto - as outras todas são de cidades do interior. Mas há uma publicação, também do poeta Luiz Coronel e do poeta Luiz de Miranda, que a Câmara promoveu porque é exclusivamente sobre Porto Alegre. Inclusive tem servido de recordação para os visitantes da nossa Cidade.

O Governo do Estado publicou esse livro, mas eu pergunto: alguém sabe qual o órgão do Governo do Estado que publicou esse livro? Não foi a Secretaria da Cultura, não foi a Secretaria de Turismo, nem a Secretaria de Educação. Foi a Companhia Estadual de Energia Elétrica. Pode? Pois eu acho que pode, e a explicação está bem aqui, quando diz que “ao abastecer de energia elétrica dois milhões, cento e setenta e oito mil, quatrocentos e sete lares, criamos fortes laços de união com o cotidiano de nossa gente. É grande, portanto, a satisfação de reconhecer nesse itinerário de cidades gaúchas espaços da alma e do imaginário de pedaços da vida no Rio Grande do Sul”. Portanto, a CEEE tem a ver com isso.

Para encerrar, eu gostaria de usar este exemplo - que não é uma denúncia o que eu quis fazer - para mostrar que há laços, aparentemente não existentes, para defender a publicação, embora seja assunto já antigo, que fez a Secretaria Municipal da Cultura dos cânticos e do livro do MST. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quem comprou? A Nação parece que se está esquecendo ou está colocando isso no escaninho, na gaveta. Quem comprou os votos? É o que eu desejo saber: quem comprou os votos?

São preocupações da opinião pública hoje o atropelo dos parlamentares para a aprovação das reformas constitucionais, porque o Congresso não é Constituinte, o Congresso que está aí não é a Constituinte. Os Deputados Federais estão exorbitando. A venda da Vale do Rio Doce contra a vontade nacional, entregando-se conseqüentemente, são preocupações da opinião pública, repito. Duas ferrovias com 1200 km, as mais modernas do Brasil, centenas e milhares de hectares de florestas, a maior frota de graneleiros do mundo - e louvo-me em revista publicada na órbita militar -, imensos postos, inclusive no estrangeiro. O decreto de explorar até a extinção dos minérios com existência conhecida e desconhecida no País - ou seja, entregamos uma riqueza incomensurável. O País está anestesiado, não sabe o que aconteceu. O povo não sabe o que ocorre. Emissão irregular de títulos públicos são preocupações da opinião pública. Repito: emissão irregular de títulos públicos na maior falcatrua do ano em alguns estados e municípios, sigilo bancário e telefônico. Os limites não são ultrapassados. Tráfico de influência na Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol, compra e venda de votos no Congresso para reeleição, invasão no Ministério do Planejamento por agricultores. Galinhas, perus, porcos são colocados nas mesas dos funcionários e do Ministro. Nem o retrato do Presidente foi respeitado. Deputados do Acre envolvidos em venda de votos -  200 mil reais é o preço. Arrolei aqui apenas sete falcatruas que estão se dando neste País nos últimos meses. O País está anestesiado. Isso é o mais grave, o mais sério. Ninguém diz nada ou, se diz, esquece e passa para outra falcatrua. Mas quem comprou comprou? Não sei se comprou. Ronivon Santiago, João Maria, Zilá Bezerra, Osmir Lima, Chicão Brígido são os suspeitos de venderem votos. Dois já pediram exoneração, demissão, ou coisa que o valha. Antes da Sindicância, o PFL antecipa-se para evitar a  CPI e expulsa Ronivon Santigo e  João Maria sem ouvi-los. Não houve o contraditório. Os homens foram colocados para fora sem serem ouvidos. Como entender que Fernando Henrique Cardoso é vítima da CPI da podridão? É a CPI da podridão. O que fazer com  Sérgio Motta? Isso é conduta de Ministro? Mas eu não fico conformado - sou um Vereador. O assunto é nacional, eu me interesso. Se eu não falar, quem vai falar? Os 55 Deputados Federais? Aqui são 33 Vereadores. Somados, somos 88 homens que têm a voz do povo, que representam o povo. Se eles não se externarem e não disserem o que sentem,  este  povo não vai falar.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Américo, apenas para  cumprimentar V.Exa. pela manifestação e pelo conteúdo que V.Exa. está expondo na tribuna, porque, de fato, a situação do País é muito séria e alguns representantes do nosso Congresso nos envergonham. Muito obrigado.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: O que fazer com Sérgio Motta? É  conduta de Ministro? Será que ele fez tudo isso por sua inteira iniciativa? O Parlamento está sob suspeita. Como evitar uma CPI? Os Deputados devem exigi-la, mas não parece que vai haver uma CPI em caráter urgente no Congresso - não acho. “É decisão do Congresso; deve tomá-la responsavelmente”, disse FHC quando cogitado sobre a sua reeleição. As primeiras palavras dele foram “É decisão do Congresso; deve tomá-la responsavelmente” para logo adiante patrocinar uma campanha eleitoral de TV fora de época e proferir: “É a rua que nos quer! Nós vamos marchar para decidir essa questão no corpo a corpo do Congresso, mas sobretudo nas ruas, com a força das ruas!” - palavras  textuais do Presidente. A corrupção já se delineava quando o Planalto abafou a extração de contas de nove Deputados do PPB, meu partido, e o responsável do Banco do Brasil pela operação foi promovido. Não sabiam? Foi promovido! Em 17 de janeiro o Ministro Motta somava, quando muito, trezentas adesões em sua planilha. Era muito risco ir ao Plenário para uma votação. Mas no dia 29 de janeiro, com o apoio dos empresários, consegue a façanha: Amazonino Mendes e Orlei Cameli viram os votos dos Deputados. Como, não se sabe. Agora, sim, foi a 340 a votação para a reeleição. O tucanato pretende se instalar no Planalto por vinte anos. E sabem da maior? Não posso ler tudo. Cameli - Governador do Acre e empreiteiro - realiza obras no Estado do Amazonas, e Amazonino Mendes, seu sócio, realiza obras no Estado do Acre. Eles trocam favores! O jornal “Folha de São Paulo” é veemente: “Nova fita liga Sérgio Motta à compra de votos para reeleição” - tudo se complica e se explica! Cameli, Governador do Acre, tem sete processos do Supremo Tribunal de Justiça transitando, até tráfico de contrabando. Mas segundo o Presidente do Tribunal de Contas do Acre, circularam documentos sobre uma tal de verba secreta da Casa Civil da Presidência da República. Lembram-se de Edmundo Pinto, aquele Governador do Acre assassinado num hotel em São Paulo? Um crime muito estranho. Quando ia depor sobre o canal da maternidade, aquela obra em que o Ministro Magri, muito modestamente, recebeu 30 mil dólares... Pois bem, tudo agora faz sentido, pelo amor de Deus! Com a sua morte, assumiu o Vice, e Narciso Mendes, o tal do Sr. X, e era amigo do Governador que assumiu, desentendeu-se e fez esse Cameli, que agora governa o Acre. A CPI está sepultada, sentenciam; sepultada está a Câmara! A Câmara Federal está sepultada se essa CPI não sair.

Sr. Presidente, não posso ler todo o teor do meu discurso, pois calculei mal. Ele é muito extenso para este pouco espaço de tempo, mas não posso esquecer. Não sei onde está o meu voto, não fiz campanha eleitoral, não saí em nenhuma reunião - todos sabem disso; até não me orgulho de dizer isso - para a campanha.

Preciso saber a quantas anda o meu País, quem são os responsáveis por tudo isso. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Pretendo abordar, neste espaço, dois assuntos, todos relacionados à Comissão a qual presido, a CUTHAB. O primeiro assunto é sobre o “Shopping” Cristal, e o segundo assunto é sobre as cooperativas habitacionais.

Como o Ver. Lauro Hagemann colocou na sexta-feira, nesta tribuna, esse assunto do “Shopping” Cristal tem muita tempestade para pouca água. Quero continuar noticiando a esta Casa, continuar o pronunciamento do Ver. Lauro Hagemann, noticiando sobre os encaminhamentos que tiramos na CUTHAB na quinta-feira da semana passada. Devo referir que na semana anterior houve uma reunião conjunta marcada das duas Comissões - a CUTHAB e a COSMAM - para ouvir o Jardim Urubatã. Ficamos mais de quarenta minutos esperando e não apareceram. Não sei o que houve. Foi a primeira vez que fomos instados, enquanto Comissão, para tratar do assunto. A segunda vez que aconteceu foi na reunião da quinta-feira passada, dia 22. Recebemos a comissão dos moradores do Cristal, que nos encaminhou documentos, fez uma exposição detalhada dos problemas e posição a respeito daquele empreendimento. Como já se sabe nesta Casa, os moradores, ao contrário do que se tentou dizer aqui, não são contra o projeto. Eles não acham que devem permanecer no local. São a favor do projeto e estão propondo alternativas a partir dos seus pontos de vista. Fizeram, ainda, algumas reivindicações completamente  legítimas. O que é que os moradores nos colocaram? Eles disseram que as negociações empacaram e que fizeram três propostas e elas não haviam sido levadas em conta pela empresa.

Srs. Vereadores, estou relatando com toda a neutralidade que se exige de um presidente de uma comissão, que é plural como as demais desta Casa.

A última proposta, que já significou um recuo por parte dos moradores, é que os lotes sejam de 4m x 18m e não 3,55m x 18m, como propõe a empresa. Também eles propõem que a edificação seja de dois pisos e cada um com 32m2, semelhante ao que a Prefeitura está oferecendo para os moradores da Sanga da Morte. Nessa proposta, a terceira que eles estão fazendo para a empresa, estão querendo a construção dos dois pisos completos. Fizeram a exposição do seu projeto, e por proposta do Ver. Paulo Brum, nosso companheiro da Comissão, aceitamos a reivindicação de que a CUTHAB intermediasse esse processo de negociação ou agisse no sentido de forçar que as negociações fossem retomadas. Por isso, marcamos para essa quarta-feira, às 9 horas, aqui, no plenarinho da Câmara, e estamos convidando todos os Vereadores que se interessam por esse tema e que têm debatido desta tribuna a comparecerem nessa reunião. Estamos convidando as empresas Cordeiro e MULTIPLAN, as duas comissões de moradores, a Comissão de Moradores da Região do Cristal, que tem participado das negociações, como órgãos públicos - a SPM, a CRC, o DEMHAB, e, além da presença do Legislativo, através da CUTHAB, convidamos todos os Vereadores para a reunião, onde a CUTHAB vai fazer uma intermediação, como é do seu papel regimental, inclusive, e que foi instada pelos moradores que nos procuraram na quinta-feira passada.

O segundo tema que gostaria de tratar é sobre cooperativas. Temos amanhã, às 14 horas, uma mesa-redonda, que já está prevista. Como tivemos a mesa-redonda das ocupações, teremos a mesa-redonda das cooperativas habitacionais. Só para informar à Casa, temos em Porto Alegre quase sessenta cooperativas habitacionais das mais diferentes tipologias. Existem cooperativas ligadas a sindicatos, existem cooperativas ligadas a movimento popular, comunitário. Nós já estamos funcionando há algum tempo em articulação com a Subcomissão de Habitação da Assembléia Legislativa, onde participam o Deputado Vieira da Cunha e a Deputada Jussara Cony. Nesta terça-feira, teremos esta mesa-redonda onde vamos tratar sobre três pontos que têm sido levantados como problemas na questão das cooperativas: a questão da legislação, a questão dos processos - e o Secretário que vai estar presente já levou da outra reunião, há um mês, um tema de casa para trazer de cada uma das cooperativas o que está emperrando - e a questão dos financiamentos, que é um grande problema para as cooperativas que envolvem setores de mais baixa renda da Cidade. Vamos tratar desses assuntos na terça-feira com a SBM, a PGM, a representação das Cooperativas, o Fórum das Cooperativas, o DEMHAB, a COMATHAB, a CUTHAB e a Subcomissão de Habitação da Assembléia Legislativa. Quero estender esse convite a todos os Vereadores que quiserem participar da mesa-redonda amanhã, às 14 horas,  promovida pela CUTHAB, sobre o tema das cooperativas habitacionais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Para uma Comunicação de Liderança tem a palavra o Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao término do Grande Expediente desta Sessão Ordinária - Grande Expediente esse que foi antecipado em função de decisão soberana do Plenário - e depois de ter ouvido uma série de pronunciamentos que aqui ocorreram, todos eles marcadamente em oposição ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, e sendo eu um dos poucos representantes desta Casa que me alinho entre aqueles que estiveram com Fernando Henrique na eleição para  Presidente da República, devo dizer que não me surpreende que numa Casa onde há 14 Vereadores da Frente Popular que votaram com o Lula, quatro Vereadores do Partido Democrático Trabalhista que votaram com o Brizola, três Vereadores do PPB que votaram no seu candidato a Presidente da República, mais um Vereador do Partido Socialista Brasileiro, que certamente deve ter acompanhado o Partido e votado no seu candidato apoiado, que era também o Luiz Inácio Lula da Silva, que se tenha esse clima de tamanha oposição ao Presidente  Fernando Henrique Cardoso. É evidente que, desde o momento em que a Câmara dos Deputados decidiu, em primeiro turno, pela possibilidade de reeleição do Presidente da República e Governadores de Estado,  praticamente se deflagrou, por antecipação, a campanha para a sucessão presidencial. Hoje utilizam-se todos os motivos do mundo para se questionar o trabalho do Presidente da República numa antecipação flagrante do discurso pré-eleitoral. É evidente, Sr. Presidente, que nós, que apoiamos o Presidente Fernando Henrique, temos compromissos com essa Nação e também com a moralidade pública. Foi nessa linha que o Ver. Antonio Hohlfeldt, coincidentemente do Partido da Social Democracia Brasileira, partido do Presidente Fernando Henrique, que é apoiado pelo Partido da Frente Liberal, ao qual pertenço, propôs na semana passada uma moção na qual pedia uma ampla investigação neste País, investigação esta que certamente não se restringiria a mais uma CPI dessas que só servem para promover determinados políticos em desgaste e cuja investigação, Ver. Pedro Américo Leal, envolveria todas as mazelas às quais V.Exa. se referiu, inclusive aquela que há seis meses é escandalosamente cuidada pela CPI dos Precatórios sem que até hoje tenha sido chamada a depor nenhuma das autoridades dos Estados onde se deu o descalabro dos precatórios.

Então, o Ver. Pedro Américo Leal, que foi contundente no seu pronunciamento - um pronunciamento pensado, de quem, inclusive, o preparou adredemente, com a responsabilidade de grande líder que tem esse renomado político gaúcho -, certamente porque teve que antecipar o seu final, cobrava desta tribuna a instalação da CPI para identificar compradores e comprados do Congresso Nacional no episódio da compra de votos na votação da emenda que introduzia a reeleição para Governadores, Prefeitos e Presidente da República.

 E parece, Ver. Pedro Américo Leal, que nós estamos um pouco adiante. Achamos que têm que ser identificados os compradores, que devem ser tomadas providências contra essas pessoas. V.Exa., em seu pronunciamento, chegou até a criticar o meu Partido, que sumariamente expulsou os dois comprados-confessos. Não tem direito a contraditório quem é confesso e quem consagrou essa confissão ao renunciar ao seu mandato, e não o fizeram senão por outra razão de que era evidente que a sua confissão pública só poderia levá-los à perda de mandato. O PFL não quer esse tipo de gente, e foi um ato que eu aplaudi. Bolas com o contraditório! Nós queremos é moralidade e não o contraditório! Na busca do contraditório, estão ocupando há seis meses a TV do Senado, em flagrantes irregularidades promovidas em vários governos de Estado, e o contraditório está estabelecido. E todo mundo continua gozando do dinheiro com que se locupletou em função dessas circunstâncias. Então, Ver. Pedro Américo Leal, eu, que quero ver reeleito o Presidente Fernando Henrique Cardoso, quero também que se limpe este País - já é tarde, pois esta limpeza já deveria ter sido feita - e que se pegue quem tiver que pegar e que se vá até às últimas conseqüências. Se houver Ministro de Estado envolvido, que se pegue o Ministro. Se houver Governador, Prefeito, ex-Governador, ex-Prefeito, enfim, que se faça uma limpeza geral neste País, e não esta CPI que, via de regra, “vira em pizza”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos o período de Grande Expediente e passamos à

                 

 

PAUTA

 

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1268/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que disciplina a venda de tintas em "spray" no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1431/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 087/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre o fornecimento de exemplares da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre aos estudantes de Direito.

 

PROC. 1435/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre pontos de estacionamento para veículos escolares, na frente das escolas, nos horários de entrada e saída.

 

PROC. 1223/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre as cores a serem usadas pelas caçambas destinadas à retirada de entulhos, no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

PROC. 1335/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados, no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

PROC. 1462/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 014/97, de autoria do Ver. João Motta, que concede o Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta Carlos Gerbase.

 

PROC. 1551/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 012/97, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que institui, oficialmente, como padroeira de Porto Alegre, Nossa Senhora dos Navegantes.

 

PROC. 1660/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 017/97, de autoria da Mesa Diretora, que institui o título honorífico de "Cidadão Integração de Porto Alegre" e dá outras providências.

 

PROC. 1661/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/97, de autoria da Mesa Diretora, que concede o título honorífico de "Cidadão Integração de Porto Alegre" ao Cônsul-Geral da Espanha, Senhor Iñigo de Palácio España.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1543/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/97, de autoria da Vera. Sônia Santos, que denomina Rua General Arthur Floriano de Toledo Júnior um logradouro público localizado no Bairro Nonoai. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1555/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/97, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que denomina Av. Moab Caldas um logradouro irregular localizado no Bairro Santa Teresa.

 

PROC. 1573/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/97, que autoriza o Chefe do Poder Executivo a intervir no acordo de parcelamento de débito junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, entre o Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB e a Caixa Econômica Federal - CEF. Urgência.

 

PROC. 1438/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 092/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que institui o período de 20 a 23 de abril como destinado a homenagens ao Orixá Ogum - São Jorge, no Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1200/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 054/97, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que cria o Balanço Social das Empresas estabelecidas no âmbito do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 1230/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Prêmio de Urbanismo "Urbanista da Metrópole" e dá outras providências. 

 

PROC. 1231/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a exibição de animais da fauna exótica, para fins artísticos de diversões públicas, comerciais, culturais, científicos, promocionais, ou de qualquer outra natureza, por estabelecimentos de caráter transitório e dá outras providências.

 

PROC. 1321/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre demarcação de faixa de estacionamento livre para carga e descarga em frente às bancas de jornais.

 

PROC. 1374/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/97, de autoria do Ver. José Valdir, que acrescenta dispositivos à Lei nº 2.926, de 12 de julho de 1966, que estabelece as condições pelas quais são as sociedades declaradas de utilidade pública.

 

PROC. 1396/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 081/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana Educativa de Preservação do Meio Ambiente e dá outras providências.

 

PROC. 1411/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 083/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a participação de padarias, bares, lanchonetes, supermercados e comércio em geral, no auxílio ao trabalho de divulgação de crianças desaparecidas.

 

PROC. 1460/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 013/97, de autoria do Ver. João Motta, que concede o Prêmio de Teatro Corpo Santo ao Diretor de Teatro Nestor Monastério.

 

PROC. 1277/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 008/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989, modificada pelas Leis Complementares nºs 308, de 28 de dezembro de 1993, e 321, de 19 de maio de 1994, e dá outras providências. (alteração da alíquota do imposto de transmissão de imóveis)

 

PROC. 1291/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/97, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui a Feira do Disco em Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 2874/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 066/96, que institui Áreas Especiais de Interesse Social e dá outras providências. (regularização fundiária)

 

PROC. 3209/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 179/96, de autoria do Ver. Henrique Fontana, que denomina Rua Beth Sangoi um logradouro público localizado junto ao nº 3850 da Estrada João de Oliveira Remião, no Bairro Lomba do Pinheiro. (desarquivado a requerimento do Ver. Renato Guimarães)

 

PROC. 1370/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Praça Firmino Sá Brito Cardoso um logradouro público localizado no loteamento Jardim Vila Nova, no Bairro Vila Nova.

 

PROC. 1388/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 080/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que denomina Rua Prof. Aldo Carlitos Potrich um logradouro público localizado no Bairro Partenon. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1472/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 015/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Doutor Carlos Grossman.

 

PROC. 1498/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/97, que autoriza a abertura de créditos especiais no valor de R$ 615.000,00 no Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE e dá outras providências. (Projeto Prosanear)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0967/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/97, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que normatiza o funcionamento dos estacionamentos em lojas, "shopping-centers" e supermercados.

 

PROC. 1324/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre campanha permanente de incentivo à arborização de ruas, praças e jardins da Cidade e dá outras providências.

 

<D>O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Grande País este Brasil que tem leis que não acabam mais! Tantas são as leis que mais rápido e eficiente é utilizar uma Comissão de Sindicância, que é efetiva, rápida e eficiente, mas quando ela é utilizada nós criticamos porque queríamos CPI. E hoje há 32 Projetos de Lei na Pauta.

O Ver. Reginaldo Pujol “disciplina a venda de tintas em ‘spray’ no Município de Porto Alegre e dá outras providências”. Eu endosso as preocupações do Ver. Reginaldo Pujol, que não quer que nossa Cidade seja aviltada, suja, como aconteceu no ano passado, no monumento Loureiro da Silva, em que usaram ‘spray’, e a obra de arte que deveria honrar esta Cidade está maculada, o tempo ainda não apagou. Agora, o Ver. Reginaldo Pujol quer que o Executivo Municipal distribua a Lei Orgânica para os estudantes de Direito. Eu acho que o Executivo Municipal poderia, sim, distribuir para os estudantes de Direito, já que distribuiu para os sem-terra aquele livro das canções guerreiras. E por falar nas canções guerreiras dos sem-terra, Ver. João Nedel, aquele Pedido de Informações já venceu o prazo. O Prefeito não deu explicação, não pediu os quinze dias que lhe seriam permitidos, sem dúvida nenhuma, e, quando eu falei que há omissão na Câmara, acho que é um pouco de omissão. Mas esse livro deve ser muito mais útil - a Lei Orgânica - até porque, se o Executivo  mandar fazer - tem muito mais dinheiro do que a Câmara -, poderá aproveitar e mandar uma cópia para nós, Vereadores, porque as modificações que aconteceram na Lei Orgânica virão num novo volume e nós não teremos que mandar gastar o dinheiro miserável da Câmara para esse tipo de publicação. E o Ver. Reginaldo Pujol continua aqui, na primeira página, com três projetos seus. Ele quer disciplinar o estacionamento de veículos escolares na frente das escolas nos horários de entrada e saída. A Rua Irmão José Otão, que é denominação dada pelo Ver. Reginaldo Pujol, é um exemplo característico daquilo que diz que tem que ser cuidado. A rua comporta a circulação simultânea de cinco veículos: estaciona junto ao meio-fio, do lado do Colégio Rosário, um veículo; ao lado daquele, uma camionete de passageiros escolares;  ao lado dela, mais um e, do outro lado da rua, um quarto veículo; sobra uma faixa de rolamento. Não existe cidade no mundo capaz de conter todos os estacionamentos necessários para toda a sua frota de veículos. O grande caos que existe no trânsito de Porto Alegre não é culpa da Secretaria Municipal de Transportes. É culpa, antes de tudo, daqueles que estacionam mal e não cumprem a sinalização, não respeitam a sinalização de trânsito implantada pela Secretaria, que só comete erro gravíssimo quando coloca uma parada de lotação em cima do Viaduto Loureiro da Silva.

Eu espero que um dia o bom senso atinja aqueles moços e que eles retirem a parada. É o único erro gravíssimo que está ocorrendo. O resto é desrespeito à sinalização. Se a sinalização fosse respeitada, logicamente diminuiria a circulação. É muito mais barato para quem tem um belíssimo automóvel que vale algumas dezenas de milhares de reais - uma centena de milhares de reais às vezes - pagar um táxi do que utilizar esse veículo para deixá-lo estacionado, por horas, nas nossas vias públicas. Portanto, está de parabéns o Ver. Reginaldo Pujol, que faz uma proposição visando disciplinar o estacionamento não-respeitado.

Sr. Presidente, eu não queria deixar a tribuna sem dizer que o DMAE  faz hoje uma notícia de falta d'água na Cidade da forma mais correta. Creio que o meu amigo Dieter Wartchow ouviu as reclamações que eu fiz desta tribuna e hoje, realmente, o edital do DMAE tem nota 10. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos informar aos Srs. Vereadores que, de acordo com informação do nosso querido “Embaixador”, amanhã, às 13h30min, o nosso Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz, estará assumindo a Prefeitura Municipal. Todos estão convidados para a posse do nosso Presidente como Prefeito interino.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Com toda a razão, alguém há de olhar esta Pauta e dizer: “Fizeram uma Pauta especial para o Ver. Reginaldo Pujol.”. Isso porque está acontecendo uma situação para a qual eu quero chamar a atenção de todos os colegas Vereadores - eu busquei até evitar isso na Sessão anterior: é de que há projetos que estão no primeiro dia de Pauta há quase 30 dias, porque não vimos cumprindo a Pauta por razões as mais diversas, algumas até respeitáveis. Hoje, por exemplo, nós invertemos a ordem dos trabalhos para homenagear a FARSUL. Sempre disse - e não estou me afastando da Pauta - que para homenagens como esta tem que se ter a competência de fazer uma Sessão Solene adequada e não comprometer o andamento dos trabalhos da Casa. Fico na perplexidade de qual o assunto a encaminhar, pois temos dez que se foram acumulando.

Há 22 dias, começou o primeiro assunto a correr Pauta, e de lá para cá não houve a rodada de Pauta que tem que ocorrer na segunda, quarta e sexta-feira. Com isso, se acumularam todos esses assuntos. O Ver. João Dib, com a sua perspicácia, flagrou alguns dos assuntos e até me fez a gentileza de encaminhá-los ao comentar os três últimos projetos que entraram na Pauta pela primeira vez: o Projeto de Lei que disciplina a venda de tintas “spray”, o que dispõe sobre o fornecimento de exemplares da Lei Orgânica do Município e o que dispõe sobre pontos de estacionamento para veículos escolares na frente das escolas nos horários de entrada e saída.

São três situações muito flagradas. O Ver. João Dib, ao comentar o Projeto 087/97, citou aquele monumento que é sua preocupação permanente: o monumento Loureiro da Silva.

Diria, Ver. João Dib, que não tolero mais ver, a cem metros da minha residência, um ponto histórico da Cidade - o monumento aos Açorianos - permanentemente objeto dessas pichações. Sempre ouvi dizer que a proibição pura e simples de um ato não traz as conseqüências que aquele que intenta a proibição busca atingir; as coisas precisam ser combatidas na sua raiz.

Então, o que queremos é disciplinar a comercialização desses objetos que são deformados na sua utilização, que geram essa verdadeira parafernália que é a pintura com palavras, palavrões e apelos - desejados ou não - das mais diferentes áreas de Porto Alegre, não sendo poupados os monumentos históricos, muros de escolas, propriedades privadas e tantos outros lugares que são, freqüentemente, burlados no seu direito de terem preservado aquilo que é patrimônio público ou privado e em que, na calada da noite, os chamados “grafiteiros” conseguem produzir as mais disparatadas expressões a título de exercício da liberdade. Ora, eu sou um liberal, mas isso não é o exercício da liberdade. Isso é, exatamente, uma afronta à liberdade que temos de ter preservados os nossos monumentos históricos, os nossos prédios públicos e sobretudo -  por que não? - até os nossos prédios particulares.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pujol, o que me deixa preocupado com a Pauta é a fúria legiferante da Casa. Veja só que o Projeto de Resolução que institui o título de Cidadão Integração de Porto Alegre não foi votado ainda. Está na Pauta, mas o Projeto seguinte já está dando o título, que não foi votado e não foi aprovado. São os Processos 1660 e 1661, na pág. 06.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: É, estão concorrendo concomitantemente, provavelmente por uma dessas razões que eu falei. Um projeto entra três, quatro, dez dias depois do outro e, como a Pauta não roda, eles acabam ficando todos na mesma situação.

Concluo, Sr. Presidente, fazendo esse alerta no sentido de ser preservado esse período importante, que é o período da Discussão Preliminar da Pauta. É o momento em que o Plenário da Casa toma o primeiro contato com esses projetos que, até então, são meramente apregoados aqui e que propiciaria, como já propiciou ao Ver. Cyro Martini, alguns alertas com relação a alguns projetos. E ele o fez com relação a alguns projetos meus, o que está me levando a reexaminar e reestudar e, provavelmente, acolher algumas das judiciosas afirmações que o Ver. Cyro Martini fez da tribuna. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Reginaldo Pujol a gentileza de assumir os trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra. Desiste.

Atendendo à solicitação do Vereador 1º Secretário, que estava conduzindo os trabalhos até o presente momento, eu retifico a informação anterior de que o Ver. Clovis Ilgenfritz assumiria a Prefeitura em substituição à chefia do Executivo às 13h30min. O horário correto é às 15 horas. Esse é o horário em que o Ver. Clovis irá assumir em substituição aos titulares do Executivo Municipal, que estão afastados por motivos de conhecimento desta Casa.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, assistentes. Eu gostaria de me reportar ao Projeto do Ver. Elói Guimarães, o PLCL l2/97, que institui oficialmente, como Padroeira de Porto Alegre, Nossa Senhora dos Navegantes. Eu gostaria de recordar que há 225 anos, quando foi fundada Porto Alegre, constituiu-se aqui uma única paróquia que, naquela época, foi denominada Paróquia de São Francisco, em homenagem a uma Capela de São Francisco. Logo após, os paroquianos, grande parte dos habitantes da recém-fundada Porto Alegre, solicitaram ao Bispo que fosse trocado o nome do padroeiro de Porto Alegre, de São Francisco para Nossa Senhora Mãe de Deus. Daí decorreram 224 anos em que Porto Alegre tem, como sua padroeira, Nossa Senhora Mãe de Deus. Essa instituição foi efetuada pelo Arcebispo, dentro de seu Direito Canônico e não do Direito Civil, e, portanto, foi instituída pela Igreja Católica Apostólica Romana para seus seguidores, já que não poderiam obrigar que todos seguissem essa orientação cristã. Por exemplo, a denominação da nossa catedral é Catedral Nossa Senhora Mãe de Deus, e estamos construindo o santuário Nossa Senhora  Mãe de Deus para o qual o Ver. Isaac Ainhorn contribuiu fortemente.

 

O Sr. Cyro Martini: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É interessante o assunto e ele também já tinha me despertado a atenção. Inclusive enviei correspondência ao Ver. Elói Guimarães acerca dessa questão porque, no meu entendimento, a padroeira de Porto Alegre é Nossa Senhora da Madre de Deus. Anteriormente, em 1772, quando da fundação de Porto Alegre, em 26 de março, foi São Francisco. E, posteriormente, em 18 de janeiro de 1773, quando já providenciava a transferência da capital de Viamão para Porto Alegre, José Marcelino de Figueiredo, passou a ser, por ato da Igreja... A Igreja e o Estado constituíam praticamente uma mesma pessoa, porque a religião católica era oficial, de sorte que a freguesia e a paróquia se confundiram com o mesmo nome. Com a Nossa Senhora da Madre de Deus foi a primeira vez que apareceu oficialmente a expressão Porto Alegre - Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. A nossa catedral e a nossa padroeira, até hoje, é Nossa Senhora da Madre de Deus.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O nome da padroeira de Porto Alegre é Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar V.Exa. pela intervenção. Acho que realmente passa a se constituir num assunto que V.Exa. tem autoridade e propriedade para intervir. Eu me recordo das dificuldades da Administração Municipal do PT, que chegou, inclusive, a embargar o Santuário da Mãe de Deus, no Morro Esperança, e que depois conseguiu resolver o problema - e hoje está praticamente concluído. Esta que é a padroeira de Porto Alegre. Embora eu seja de outra religião, eu não posso, evidentemente, me escusar a um debate que também tem uma natureza, além de religiosa, cultural, que envolve toda a Cidade. Meus cumprimentos a V.Exa.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Câmara Municipal deveria levar em consideração que já gastou algum dinheiro mandando o seu Presidente para buscar a imagem da Nossa Senhora Mãe de Deus, lá em Roma, para ser instituída aqui como protetora de Porto Alegre, no Direito Canônico.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Para concluir, Sr. Presidente, no meu entendimento, é um assunto de interesse dos católicos de Porto Alegre, que, se não estiverem satisfeitos com a nossa padroeira, acho que isso é uma atribuição do  Arcebispo e, se não tiverem satisfeitos, que vão se queixar ao Bispo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a palavra o Ver. Renato Guimarães para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou comentar o Projeto de Lei Complementar do Ver. Reginaldo Pujol que dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

Esse Projeto de Lei trata da isenção de impostos das propriedades prediais e territoriais não-edificadas, desde que os proprietários ofereçam ao Poder Público para o interesse da comunidade. Eu gostaria de destacar dessa iniciativa é que se faz todo um debate na Cidade da apresentação de que recaia sobre terrenos não-edificados - os chamados vazios urbanos - o imposto progressivo. Este Projeto trata da isenção do imposto desses terrenos.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em 1972, eu fiz proposição semelhante, mas não como Projeto de Lei, porque em Nova Iorque, nas avenidas mais caras do mundo, existem terrenos entregues ao uso da coletividade, de 300 a 400m2, adaptados a pequenos parques. São isentos de impostos, mas têm a obrigação de, durante um tempo, serem utilizados pela coletividade. Então, numa avenida importante, podem encontrar um terreno onde até cascata artificial tem, mesas, bancos para que alguém se esconda do barulho da cidade por alguns minutos.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: A intenção é abrir debate para utilização dos vazios urbanos pela coletividade. Temos que debater a forma como serão utilizados esses terrenos. Se o proprietário passa a concessão desse terreno ao Município, preocupam-me as melhorias que o Município fará em cima desse terreno. Passado o prazo de cessão do terreno, passam a ser do proprietário do terreno - e vejo que isso causa prejuízo à municipalidade. É uma questão a se discutir. E outra questão que abre um grande espaço para o debate é a do imposto. Se vamos isentar esses proprietários do imposto por um período, acho que, no mínimo, esses terrenos teriam que ser cedidos à municipalidade por 30 anos, evitando com isso que, num pequeno período de tempo, esses terrenos possam vir a ser recuperados pelo proprietário para outros projetos.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V.Exa. permite-me um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentá-lo, porque nosso objetivo era exatamente esse de ter o nosso Projeto discutido, enriquecido e debatido, porque não temos a pretensão de esgotarmos o assunto. Levantamos a idéia que V.Exa. reconhece que tem aspectos positivos e que precisa ser enquadrado no interesse público. Fecho inteiramente com V.Exa. na necessidade de ser discutido amplamente esse Projeto de Lei.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Nosso gabinete está pensando até em estudar alguma emenda ao Projeto no sentido de que garanta que, sendo o Projeto aprovado, o Município tenha a garantia de que, sendo o terreno cedido para a municipalidade, as benfeitorias feitas em cima desses terrenos sejam do controle coletivo e não do proprietário. A outra questão é sobre  a isenção total do imposto sobre a área. Outra é a questão da utilização. No Projeto de Lei do Vereador, está citado que  é para instalação de equipamentos de lazer ou esportivo. No nosso entendimento, poderíamos avançar além dessas duas áreas na utilização desses terrenos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Antes de mais nada, quero agradecer ao Ver. Sebenelo, que, ao abrir mão do seu tempo na Pauta, permite-me intervir na mesma.

Quero referir-me especificamente ao processo que se encontra hoje na Pauta sobre suplementação de verba para o empréstimo que o DMAE recebeu do Governo Federal para o Projeto Prosanear - água. Pedi para desarquivar, Ver. João Dib, a Lei nº 7.771, que é de 14.03.96, pela qual esta Casa aprovou a autorização para que o DMAE contratasse operações de créditos para com a Caixa Econômica Federal, visando ao Prosanear - água. Na ocasião, o Ver. Dib havia feito uma emenda, incluindo no art. 1º a obrigatoriedade da aprovação desse tipo de contrato por parte do Conselho Deliberativo do DMAE, coisa que não havia acontecido. Pois parece que a Administração Pública não aprende, Vereador, porque o Projeto que está chegando agora, que está na Pauta pela segunda vez consecutiva, que autoriza a abertura de créditos especiais no valor de seiscentos e quinze mil reais, sendo que basicamente faz uma correção de quatrocentos e quinze mil reais de juros de dívida contratada, uma vez mais, no seu art. 1º, deixa de mencionar o Conselho Deliberativo do órgão, como na prática  deixou de pegar a autorização do Conselho Deliberativo do DMAE para essa complementação.

Em primeiro lugar, a Exposição de Motivos do Sr. Prefeito Raul Pont diz que esses créditos não foram adequadamente previstos na elaboração da Proposta Orçamentária para este ano, pois ocorreram alterações no cronograma de pagamento e financiamento dos projetos, e diz que os recursos para a cobertura dos mesmos são provenientes da apuração de excesso de arrecadação. Quero começar pelo último item.

 É incrível como ainda há poucos dias atrás um projeto do Ver. Guilherme Barbosa, sob a alegação de que não haveria dinheiro suficiente para o DMAE cuidar dos hidrantes da Cidade, aumentou o custo da água em Porto Alegre. Curiosamente é o órgão municipal que, através da boca do Prefeito, não só diz como escreve que tem excesso de arrecadação. Que eu saiba, o DMAE só pode ter excesso de arrecadação pela cobrança de tarifa de água. É uma contradição muito curiosa: quer ficar com a administração dos hidrantes; para ficar com a administração dos hidrantes, quer aumentar a tarifa da água, porque não tem dinheiro; ao mesmo tempo confessa, num outro Projeto, que tem excesso de arrecadação, que só pode vir, obviamente, da cobrança de tarifa de água.

Em segundo lugar, verificamos que não houve a adequação prevista na elaboração do Projeto. Eu queria lembrar aos Srs. Vereadores que, quando se votou esse Projeto aqui na Casa, eu pedi uma renovação de votação exatamente porque não me sentia satisfeito com as informações que o DMAE havia nos enviado. O Partido dos Trabalhadores disse que isso era de urgência urgentíssima, senão não saía contrato. Depois, levou mais de mês para fechar esse contrato. Acabou fechando em outros termos, diferentes daqueles aprovados por esta Casa. Porque, evidentemente, se trocou prazo e, em decorrência, trocou juros, o contrato efetivamente foi fechado em termos diversos daqueles que a Casa aprovou.

Agora vem um pedido de suplementação de verba e eu fico me perguntando como vai se comportar a Casa em torno desta suplementação que, uma vez mais, vem sem nenhum documento específico, a não ser estas afirmações: foi calculado mal, houve alteração. E nós que votemos diante uma suplementação por excesso de arrecadação, o que me faz pensar realmente se não está na hora de revisarmos a tarifa de água, adequando-a de maneira que não falte dinheiro, mas que também não fiquemos com excesso de arrecadação. Porque, vamos e venhamos, é contraditório com todo o discurso de procurar respeitar a bolsa do trabalhador contribuinte na Cidade de Porto Alegre.

Como não tenho mais tempo, Ver. Guilherme Barbosa, ficarei lhe devendo. Mas eu quero voltar a esse assunto na próxima Sessão, quando teremos a terceira Pauta. Realmente, gostaria de ouvir o Ver. Guilherme Barbosa. Gostaria de ouvir os companheiros do PT em torno desta suplementação, que não é pouco dinheiro! Convenhamos que uma suplementação de 615 mil reais não é pouco dinheiro, não é pouco erro para quem é tão zeloso, em geral, das coisas do erário público. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

                

          

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Encerrado o período de Pauta.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Estamos ocupando o tempo de Liderança mais para colocar alguns questionamentos a respeito do Grupo de Gestão Ambiental da Câmara. No dia 16 de maio, com a participação da ATP, Bancada do PPB, PSB, PMDB, PFL, PSDB, PT e COSMAM e PTB, reuniu-se o Grupo de Gestão Ambiental para discussão da implantação do projeto de coleta seletiva na Câmara Municipal de Porto Alegre. Primeiramente, foi feito um relato da implantação da coleta seletiva em Porto Alegre pela representante da ATP. A presente Comissão tem como objetivo informar os Vereadores das respectivas Bancadas sobre o desenvolvimento do processo de implantação da coleta seletiva. O Grupo pretende se reunir uma vez por semana no período inicial de implantação, espaçando as reuniões no decorrer do processo. A sugestão inicial é de reunião às quintas-feiras. Num primeiro momento, está sendo feito um levantamento, por sala, do número de cestos de lixo bem como da produção de resíduos e seu acondicionamento. A partir desses dados, será feito um diagnóstico que orientará o projeto de Gestão Ambiental. A proposta para a Câmara é a seguinte: a - levantamento por sala para diagnóstico, que está em andamento; b - explicação do que é seco e do que é orgânico; c - material de divulgação; d - definir um lixo orgânico, de preferência os lixos usados em 1991, para descarte de restos de lanche, papel sujo, lenço de papel, cigarro, copinho de cafezinho, erva de chimarrão, papel de chocolate, cascas etc.

Além desse trabalho, está previsto treinamento com o DMLU. Por que estamos fazendo este chamamento relativo ao Grupo de Gestão Ambiental? Porque aqui, na Câmara, nós, como Legislativo, somos executores. Nós elaboramos as leis, mas, por incrível que pareça, não estamos cumprindo. Por isso, nós solicitamos a todos os Vereadores que se engajem neste movimento de gestão ambiental.

Gostaria de relatar que participaram desta reunião: Margarete Araújo, pela ATP; Dercy Furtado, pelo PPB; Sueli Klein, pelo PTB; Saulo Felipe, pelo PSB; Alberto Limberger, pelo PMDB; Valter Silva, pelo PFL; Mara Gomes, pelo PSDB; e Rosa Maria, pelo PT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR.  PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

 

ORDEM DO DIA

 

 

Pedimos, Srs. Vereadores, que possamos reunir as Comissões Conjuntas para a votação de dois Pareceres. Solicitamos ao ilustre Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Ver. Elói Guimarães, que assuma os trabalhos da reunião das Comissões.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h24min.)

     

O SR. PRESIDENTE (às 17h38min): Estão reabertos os trabalhos.

 

     

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 0250/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/97, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao economista e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Senhor João Pedro Stédile.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D'Ávila: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Carlos Garcia: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA, nos termos do art. 82, § 2º, IV, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria os Vereadores J. Dib, I. Ainhorn, G. Almeida e L. Braz;

- adiada a discussão por duas Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria da Vera. Maria do Rosário solicitando adiamento da discussão do Projeto ora anunciado por três Sessões.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO. 

Quero informar ao Plenário que a Mesa recebeu correspondência assinada por várias pessoas, todas de difícil identificação a assinatura. Diz o seguinte: “Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara de Vereadores. Prezado senhor: Solicitamos a V.Exa. postergar a aprovação da urgência do Projeto do Jockey Club. Todos os signatários são favoráveis à aprovação do Projeto. Porém, se for açodadamente, antes da conclusão da auditoria já aprovada pelo Conselho Deliberativo, proporcionará o desvio de verbas do Jockey Club do Rio Grande do Sul pelo atual Presidente, o que já vem sendo feito, prejudicando 4.500 associados e 1.600 funcionários, treinadores, jóqueis e etc. Sem mais, atenciosamente.”. Tem várias assinaturas de difícil ...

O Ver. Carlos Garcia foi quem nos encaminhou a correspondência. Fiz questão de relatá-la ao Plenário e quero deixar claro que esta Presidência jamais atenderia o pedido da correspondência, embora o Vereador tenha trazido aqui o pedido de algumas pessoas que poderão ser identificadas. Mas postergar a votação de um Projeto que foi deliberado em Plenário não cabe sob hipótese alguma. No mais, as discussões políticas, os acertos, os acordos... Mas, neste caso, colocamos em votação o Parecer porque é nossa obrigação. Queria deixar claro para não haver nenhum mal- entendido sobre isto.

 

O SR. CARLOS GARCIA (Questão de Ordem): Só para fazer um relato, Sr. Presidente. O Vice-Presidente e o Conselheiro do Jockey Club haviam solicitado uma reunião nesta Casa, onde compareceram Líderes dos partidos - do PSB; Ver. Antonio Hohlfeldt, do PSDB; Ver. Adeli Sell, pelo PT; Ver. Lauro Hagemann,  pelo PPS -, e foi feito um relato e eles passaram esse documento e eu, como V.Exa. estava presidindo os trabalhos, encaminhei-lhe. Ao mesmo tempo, hoje, no período da tarde, o Presidente do Jockey Club está solicitando que tenha o mesmo espaço nesta Casa - e o terá amanhã, às 14h - para dar a sua versão desse fato. Meramente o que nós fizemos foi acolher o recebimento desse documento.

 

O SR. PRESIDENTE: É um esclarecimento importantíssimo, mas é importante também que se diga que as reuniões que estão sendo realizadas não são oficiais e sim informais, em que pessoas ligadas ao assunto pediram para conversar com os Vereadores. Pela manhã estiveram aqui e foram recebidas pelos nossos colegas Vereadores. O 3º Secretário da Mesa assumiu a Presidência dos trabalhos por solicitação dos demais Vereadores, e o assunto se desenvolveu informalmente.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V.Exa. tem sobradas razões quando diz que não pode postergar a urgência. O que poderia ocorrer é o autor do Requerimento de urgência fazer o pedido de retirada. Mas a postergação aconteceu até involuntariamente porque não houve quórum para fazer a votação. Mas junto com esse documento, que deveria ser melhor esclarecido porque realmente é contundente, há dois documentos que foram distribuídos - não sei se para todos os Vereadores -, de autoria do Sr. Valdo Marques Júnior, que tem consultoria jurídica, portanto deve ser um advogado, onde há pesadíssimas acusações contra muita gente. Só queria alertar que é sério.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Se eu bem entendi, V.Exa. está comunicando o recebimento desse ofício, mas certamente não irá submetê-lo ao Plenário porque não é um requerimento que possa ser submetido a ele. Os fatos podem servir de alerta para que a Casa, informal e politicamente, faça uma protelação e até um esclarecimento desses fatos, mas nunca uma medida desconstituitiva de uma urgência que foi aprovada pela maioria da Casa, maioria da qual eu não participei. Eu estou querendo preservar exatamente a eficácia da decisão da Casa, que não pode ser objeto de um sobrestamento, como é solicitado pelo requerimento vindo de pessoas que podem ser até representativas, mas que não têm legitimidade para requerer nos termos previstos no Regimento, com força suficiente para que o pedido venha a ser submetido ao Plenário da Casa, até porque não existe essa medida solicitada no requerimento. 

          

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece a questão colocada pelo Ver. Reginaldo Pujol, a qual corrobora o que estamos interpretando.

          

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de saber o que está sendo colocado em votação.

          

O SR. PRESIDENTE: Estou apenas informando que há este tipo de requerimento, ou seja, uma correspondência à Presidência, e como a correspondência pede para postergar um projeto para o qual já foi votada a urgência, a Mesa fez questão de informar o que está acontecendo.

          

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Essa correspondência é de Vereadores?

          

O SR. PRESIDENTE: Não, são pessoas do Jockey Club.               

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Então, o que cumpre esclarecer aos leigos é que não está sendo votado, porque havia um Relator-Geral e  deveria ser submetido às Comissões Conjuntas e não houve quórum. Parece-me que é isso.

 

O SR. PRESIDENTE: Não houve quórum para a votação de dois Pareceres Conjuntos, entre eles, este Parecer.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): É que pode haver pessoas que não estejam entendendo por que não vamos votar. É porque não houve quórum.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acho da maior importância V.Exa. ter divulgado esta carta por alguns motivos. O primeiro deles é que já foi votada a urgência - então, já está respondido até publicamente e, com isso, não houve nenhuma má-fé da Mesa e nenhuma parcialidade da Mesa em posicionar-se. O segundo motivo é que houve uma reunião com ata e com documentos - inclusive, dois deles foram citados pelo Ver. João Dib - com acusações extremamente graves, onde a palavra mais benigna é estelionato. Então, as coisas são graves, são  importantes e gostaria de cumprimentar a Mesa - e essa é a posição do PSDB - por ter divulgado isso aí. Tem que divulgar para saberem que houve um número de pessoas que vieram aqui, usando o seu direito, fazendo um requerimento para a Presidência - e acho importantíssimo isto -, e esta não sonegou esse documento ao Plenário, que é a coisa mais importante que tinha. Meus parabéns.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós prosseguimos com a votação de Requerimentos. Para a leitura do primeiro Requerimento, o Sr. Secretário, Ver. Paulo Brum.

 

O SR. CARLOS GARCIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para efeito de registro, quero citar o nome do Ver. Luiz Braz, que esteve presente, também o nome da Vera. Maria do Rosário e, no final da reunião, o Ver. Isaac Ainhorn também compareceu. Faço esse registro, pois tinha omitido o nome dos três.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini, de nº 106/97, solicitando a constituição de Comissão Especial a fim de colher informações e sugerir providências de apoio às instituições policiais na prestação da segurança pública. (Lê o Requerimento.)

          

O SR. PRESIDENTE: Em votação. Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estou achando estranha esta proposta de Comissão Especial. Creio que ela está fugindo, refugindo à nossa competência. Pelo Requerimento lido pelo Sr. Secretário, embora se concorde com seus considerandos, eles são genéricos, abrangentes e, na verdade, eles enfocam problemas de segurança, falam que o Estado estaria para dotar o aparelho de segurança de condições legais, possivelmente patrimoniais e outras, para que a segurança melhore. Este é o espírito do Requerimento. Até aí tudo bem. Só que daí se invoca o art. 63, quando fala em Comissão Especial: “compete à Comissão Especial examinar e opinar sobre emenda à Lei Orgânica, alteração do Regimento, matéria considerada pelo Plenário como relevante e excepcional”.

Ora, aquilo que foi lido para segurança é relevante, como as questões da saúde são mais relevantes ainda pela situação de falta de vacina e outras que o Sr. Secretário Municipal joga para o Estadual, o Estadual diz que era para algumas pessoas e que o Município estendeu para todas e faltou vacina. Então, a relevância de que trata este artigo, no caso da saúde, seria maior. Fazer uma Comissão Especial para acompanhar as questões da saúde no Estado? Creio que foge competência para a Câmara.

Seria inócua esta Comissão Especial. Ela vai acompanhar o quê? Vai na Secretaria de Justiça e Segurança ver se estão cumprindo com a lei - que outro dia este Vereador fez um voto de repúdio, que não estavam cumprindo a lei, que não davam para tal categoria de policiais um aumento? Uma Comissão Especial da Câmara vai exigir aumento para segmentos de funcionários estaduais?

Então, vamos fazer uma Comissão Especial para acompanhar coisas municipais, relevantes, excepcionais, como diz o art. 63. Com todo o respeito, digo que os considerandos são bons, importantes. Até diria que são relevantes, sim, mas se são relevantes no aspecto da Secretaria da Segurança, há muitos mais relevantes em outras secretarias. Usar uma Comissão Especial para acompanhar coisas estaduais refoge à competência da Câmara no sentido de que essa Comissão Especial não terá poderes a não ser para fazer um relatório dizendo que um Secretário prometeu mais carros para a polícia e não deu. Ora, sinceramente, eu acho que a Comissão, no caso, não incorpora o espírito do art. 63, mas ainda “ad considerandum” ou ainda “ad argumentum” de que sim, é relevante o assunto. Excepcional não é, mas é relevante. Ainda admitindo isso, para argumentar, acho que teria que ser no âmbito do Município a situação da Comissão Especial, porque formar Comissão Especial para acompanhar coisas estaduais, além de perigoso, para mim é inócuo.

Então, salvo melhor juízo - e até dando força ao autor de que, quem sabe, tivesse outro tipo de preocupação ou outra atuação da Câmara no sentido, pois uma Comissão Especial é para um assunto - como diz no Regimento - relevante, excepcional, dando a entender, complementarmente, no art. 63, assunto relevante, excepcional e de abrangência limitada no tempo e no espaço, porque sendo relevante, excepcional, é evidente que é para alguma emergência... No caso, essa é uma luta antiga e que não vai escoar-se. Essa Comissão duraria quantos dias, quantos meses? Vai esvair-se na inocuidade.

Com todo o respeito, salvo melhor juízo, eu acho que essa Comissão peca pela falta de competência, porque à Câmara não compete acompanhar órgãos estaduais e nem tentar solucionar problemas que refogem ao Município de Porto Alegre, que é o nosso principal objetivo aqui na Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

          

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um dos melhores negócios desta Cidade nos últimos tempos é, sem dúvida nenhuma, o da serralharia. É tão sério o problema de segurança nesta Cidade, que os serralheiros estão vendendo grades para colocar em tudo que é prédio. Eu acho que esse assunto proposto pelo Ver. Cyro Martini diz respeito a esta Casa. Nós temos responsabilidade pela coletividade porto-alegrense. Ele está colocando um problema que talvez não tenhamos condições de resolver, mas podemos estudar, levantar todos os detalhes e levar à Assembléia Legislativa, ao Governo do Estado, porque  é nossa obrigação nos preocuparmos com a segurança. Eu acho que uma das coisas mais reclamadas nesta Cidade é exatamente a falta de segurança, quando se diz que os nossos habitantes são presos dentro de casa e os bandidos é que andam livremente na rua. Pelo que pude entender, já que o Ver. Cyro Martini não encaminhou a matéria, ele está absolutamente correto. Precisamos estudar esse problema. Vai levar algum tempo, vamos ter que ouvir muita gente, mas vamos dar a nossa contribuição bem estudada para que o Governo do Estado, ou até a União, dê melhores condições de segurança a Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

          

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra para encaminhar.

          

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero preliminarmente registrar que a nossa Bancada não tem uma posição formal sobre o assunto, mas os Vereadores que estão presentes já têm. Como há quórum na Sessão neste momento, o nosso desejo é que votemos este Requerimento. A linha de raciocínio que faço, Ver. João Dib, é a mesma que V.Exa. fez. E faço isso, Ver. Nereu D'Ávila, apenas para relembrá-lo do quanto subestimamos o papel que os Vereadores têm no sentido de discutir problemas concretos que, aparentemente, fugiriam da competência imediata dos Vereadores, mas que, a partir da iniciativa de um Vereador, podem ter uma resolução positiva para a Cidade. O exemplo que trago neste momento é o da iniciativa de um Vereador na área de segurança pública, que, aparentemente, não estaria na esfera de competência dos munícipes ou, aliás, dos Vereadores do Município. Qual foi a iniciativa? A iniciativa foi, na legislatura passada, do Ver. Pedro Américo Leal, apoiada por muitos Vereadores. Eu fui um dos que acabou acompanhando todo o desenvolvimento da iniciativa do Ver. Pedro Américo Leal, que culminou com a abertura, no Centro da Cidade, de uma central envolvendo várias áreas da segurança pública, fazendo o atendimento e a prevenção a casos de violência à cidadania. Foi uma iniciativa do Ver. Pedro Américo Leal. Repito que, a rigor, teoricamente, não teria competência para isso, mas se transformou num instrumento muito mais presente para, cotidianamente, estar no Centro da nossa Cidade para atender a esses casos de segurança pública. Então, Ver. Nereu D’Ávila, eu conheço V.Exa. e sei que é rigoroso na interpretação das nossas normas, principalmente do nosso Regimento. Agora, eu daria esse voto de confiança ao Requerimento do Ver. Cyro Martini, e faço isso em cima desse testemunho. Houve um Vereador que tomou a iniciativa que, a rigor, regimentalmente, não poderia tomar, mas pela sensibilidade que ele tinha sobre o tema segurança pública, no caso o Ver. Pedro Américo Leal, e agora pela sensibilidade que tem de abordar o problema aqui, na Câmara, através dessa Comissão Especial, eu tenho certeza de que a Câmara não vai decepcionar a Cidade de Porto Alegre. Portanto, eu acho que a Câmara toca no tema que é da nossa responsabilidade. Não podemos fugir dessa discussão e acho que teremos a contribuição dos nossos especialistas na área, como o Ver. Pedro Américo e outros, e faremos com que a Câmara responda com criatividade a esse problema da segurança pública, que tanto atinge o cotidiano de milhares e milhares de pessoas. Foi citado durante a Sessão o caso de violência que acabou tirando a vida de um jovem na semana passada e, se abrirmos o jornal hoje ou amanhã, certamente veremos vários casos de violência contra a vida e a segurança dos cidadãos desta Cidade. Portanto, é possível, sim, que a Câmara, a partir da ouvida de autoridades, de debates que certamente aqui acontecerão, contribua no sentido de produzirmos medidas concretas como essa que o Ver. Pedro Américo Leal conseguiu a partir da sua iniciativa.

Por essa razão, encaminho favoravelmente o Requerimento do Ver. Cyro Martini. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra pelo PSDB para encaminhar.

          

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente, gostaria de pôr em evidência o mérito da questão levantada pelo Ver. Cyro Martini.

Indiscutivelmente, é extremamente constrangedor se pertencer a uma sociedade em que as pessoas se matam, como se dizia antigamente, por motivos de somenos importância. Isso nos envergonha, nos deprime e, mais do que isso, nos revolta e mexe com nossos foros de indignação ao constatarmos a nossa profunda impotência, como sociedade, em não podermos suplantar esses problemas que se tornam epidêmicos. Agora ocorre em um foco, depois em outro e mais outro e, desgraçadamente, nos enfrentamos no espelho do nosso inconsciente com o imenso processo de banalização da vida, porque o ser humano conseguiu grassar neste mundo e, ao invés de construir, ele está a fim de destruir. E essas notícias de ontem nos deixam absolutamente inconformes não só com a impunidade, mas com a nossa impossibilidade de discussão.

Agora vem à tona esse problema através de uma proposta do Ver. Cyro Martini, que tem, aparentemente, todo o nosso apoio. Digo aparentemente pela causa e pelos seus efeitos, mas não queremos votar a favor de uma emenda que passe por um trabalho estafante dos Vereadores, em que se examinem as causas e que conscientize sobre a experimentação dolorosa para uma sociedade, para os parentes da vítima, para sua família, essa dor que é mais dolorida quando é na nossa pele. Por outro lado, não gostaria de aprovar uma proposta de um trabalho que vai ser feito e depois, assim como quase todos os outros trabalhos, ser jogado no lixo porque não há  poder de mando. O mérito do Projeto é perfeito, a justificativa inegável, mas me parece que é necessário conferir poder de decisão, senão estaremos nesse suplício de Tântalo, nos reunindo, debatendo até chegarmos à conclusão de que fizemos um trabalho magnífico com sugestões extraordinárias, mas não temos força para executá-las pelos grandes problemas que existem de competência e de poder de decisão.

O mérito é perfeito, talvez incentivado por essa dor social incrível dessas cenas que não gostaríamos que qualquer ser humano vivenciasse e, no entanto, não temos  condições mínimas, através de uma Comissão,  de conscientizar, de debater. A sociedade já tem as causas e as conseqüências desse problema. Causa e conseqüência se reúnem muito dentro de um sistema violento, de uma febre de violência característica do sistema em que os meios de comunicação são apenas a conseqüência dessa ampla difusão da violência. E hoje temos, por exemplo, um trabalho magnífico do Ver. Hélio Corbellini sobre esse problema - segurança -, convidando o Estado, o Município e a União Federal para um esforço conjunto, mas, desgraçadamente, o meu voto é contra o Requerimento, porque não vejo condições mínimas de contribuir para esse problema do ponto de vista de solucioná-lo. Acho que o Projeto é meritório, mas sem o caminho adequado para a sua solução. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Luiz Braz para encaminhar.

          

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é indiscutível o mérito daquilo que foi solicitado pelo Ver. Cyro Martini, até porque ele é um conhecedor do assunto, só que quero chamar a atenção deste Plenário para duas coisas extremamente importantes. Em primeiro lugar, esta Casa, de acordo com o seu Regimento, só pode fazer funcionar três Comissões Especiais. Já temos uma Comissão Especial funcionando; hoje fiz, desta tribuna, e entreguei o Requerimento de uma outra Comissão Especial para ser ouvido o ex-Vereador Edi Morelli, até por causa das declarações desse Vereador, para que possamos encaminhar a solução para esse problema; e existe uma Comissão Especial que foi solicitada pelo Ver. João Dib por tudo aquilo que foi dito hoje, pela manhã, pelo pessoal do Jockey Club. Amanhã  ouviremos outro grupo do Jockey Club. Essas audiências não vão esgotar o assunto e fatalmente vão-nos conduzir para a constituição de uma Comissão Especial, do que não poderemos fugir. E quem pediu tem todo o direito de pedir, tem mérito para isso, porque tem conhecimento, mas essa Comissão certamente não vai fazer com que possamos resolver problemas de segurança aqui na nossa região. Inclusive, o Ver. João Motta citou aqui as soluções para o Centro que foram encaminhadas pelo Ver. Pedro Américo Leal. Não foram fruto de um trabalho de comissão; foram fruto de um trabalho pessoal do Ver. Pedro Américo Leal. Então, para que esta Comissão funcione, uma dessas outras três Comissões que citei não poderá funcionar. E, pelo menos de acordo com a minha avaliação, estas Comissões serão mais importantes para o trabalho que desenvolvemos aqui na Câmara do que esta Comissão que foi solicitada agora e que estamos votando, cuja autoria do pedido é do Ver. Cyro Martini. Por isso mesmo encaminhamos contrários à constituição desta Comissão Especial, mas, é claro, não contrários a que a Câmara trate do assunto. Esta Câmara já tratou do assunto outras vezes e deve continuar tratando do assunto segurança principalmente por seus Vereadores que são conhecedores desta área. E o Ver. Sebenelo já citava um Vereador que fez um belíssimo trabalho sobre segurança, que é o Ver. Hélio Corbellini; também o Vereador que solicita esta Comissão, que é o Ver. Cyro Martini. Temos outros especialistas também, como o  Ver. Pedro Américo Leal - o maior deles, de acordo com o Ver. João Dib.

Por esses fatos, todos nós vamos votar contrariamente a este Requerimento do Ver. Cyro Martini. Muito obrigado.     

 

(Não revisto pelo orador.)

            

          

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini. (Após a chamada.) APROVADO o Requerimento por 15 votos SIM, 02 votos NÃO, 01 ABSTENÇÃO.

Requerimento nº 134/97, Moção de Apoio firmada pelo Ver. Cláudio Sebenelo à Revista Literária “Blau” por se tratar de veículo que difunde a cultura brasileira, tendo recebido o Prêmio Açorianos de Literatura por melhor cobertura de mídia/1996.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Srs. Vereadores, são 18h23min e o tempo regimental de funcionamento da Sessão encerra-se às 18h24min. Portanto, vamos colocar em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas.

          

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro votação nominal.

          

O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da Sessão. (Após a chamada.) Três votos SIM e 06 votos NÃO. Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h27min.)

 

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